«...Em Janeiro de 1912, como os lavradores de Évora desrespeitassem a tabela de salários que três meses antes haviam aceitado e tendo-se a respectiva autoridade colocado ao seu lado, os trabalhadores rurais daquela cidade proclamaram a greve.
O encerramento arbitrário do seu sindicato pela autoridade, a perseguição movida contra os seus militantes, etc.determinaram a proclamação da greve geral de todas as classes operárias daquela cidade.
São também encerradas as sedes dos outros sindicatos, a força armada carrega sobre os grevistas que em massa protestavam, caiem muitos feridos e um camponês é morto.
A indignação é geral.Em Lisboa é proclamada a greve geral de solidariedade e de protesto, a 29 de Janeiro.Este movimento estende-se a Setúbal , Aldegalega e Moita, cujo administrador é morto pelos camponeses.
O governo da presidência de Augusto de Vasconcelos apavora-se e manda reabrir os sindicatos de Évora e soltar os presos.Mas como em Lisboa a agitação é intensa suspende as garantias.
A agitação no Porto é igualmente intensa.Realizaram-se comícios e manifestações públicas de protesto.A Aurora publica um suplemento de agitação no dia 29.Os telegramas que chegam ao Porto os mais contraditórios lidos ávidamente forçam a UGT a enviar a Lisboa dois delegados Jôao Sartié e M.J.Sousa a fim de por telegrama cifrado a informarem sobre se devia ou não proclamar-se no Porto a greve geral.
Entretanto numerosas forças do exército com artilharia cercam em Lisboa a Casa Sindical como se tratasse duma cidadela fortificada e igualmente artilhada...
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Uma comissão que,antes,ia junto do governo, comunicar que o movimento havia terminado, visto ter cessado a causa que o determinou, é presa no caminho.E pela madrugada do dia 31 cerca de 700 pessoas de ambos os sexos são presas naquele edifício metidas entre a força armada e conduzidas para bordo dum barco de guerra cantando a Internacional.Depois foi encerrada a Casa Sindical....»
Manuel Joaquim de Sousa in «O sindicalismo em Portugal»
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