segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A BANDEIRA DA REPÚBLICA PORTUGUESA!


«O republicanismo tomou como suas cores o vermelho e o verde, adoptadas que foram pela carbonária, a sua força revolucionária actuante,hasteadas nos comícios e nos centros republicanos, suas organizações de base popular, não sabendo nós o que haverá determinado a escolha dessas cores como revolucionárias, as mesmas que sempre usaram as sociedades carbonárias italianas contra o despotismo das grandes famílias patrícias, contra o poder temporal dos papas, pela unificação da pátria italiana, aqui se distinguindo Garibaldi e seus companheiros, tão glorificados pelos republicanos jacobinos, por haverem destituído o papa de todo o poder temporal.
Bem certo que essas cores ganharam adesão completa na massa popular, foram as cores usadas na malograda revolução de 31 de Janeiro de 1891 ,no Porto, a primeira tentativa insurreccional dos republicanos ,no mesmo passo em que as cores azul e branca se tornaram abominadas como a insígnia da monarquia, tão só.Em todo o caso como sequência natural da implantação da República houve que substituir todos os símbolos nacionais segundo as novas instituições políticas.
Desenvolveu-se por isso animada cotrovérsia sobretudo em quanto respeitasse às cores a imprimir na nova bandeira, pois houve quem mostrasse preferência pelo azul e branco com fundamento na vetustez da nacionalidade, só se substituindo naturalmente os símbolos da deposta monarquia , e outros, justamente a parte radical do republicanismo, aquela que tudo jogara, reclamasse o verde-rubro, as cores republicanas e não faltaram as delícias da retórica que compararam o azul com o nosso céu limpo e nele figurasse o infinito e o branco com a pureza da alma nacional ou identificaram o verde com a beleza da nossa paisagem e o vermelho com o sangue dos nossos heróis, como se qualquer de tais evocações alguma coisa do povo representasse, na verdade.
Por fim se aceitou a realização, de certo muito feliz, dum grande artista, de seu nome Columbano Bordalo Pinheiro»
In «Os Sindicatos Operários e a República Burguesa» de David de Carvalho

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