quinta-feira, 9 de março de 2023

OS GOVERNOS DO PARTIDO SOCIALISTA E AS LUTAS SOCIAIS

 

Há amigos escandalizados mais uma vez(!) com o comportamento do governo do PS perante as lutas


sociais, em particular as greves.Eu digo-lhes que o PS português, o antigo de José Fontana e o moderno, fundado por Mário Soares, nunca teve uma relação pacífica com o Movimento Operário e sindical sendo frequentemente ambíguo e até hostil com as lutas sociais.

O Partido Socialista histórico teve um importante papel na criação e dinamização das primeiras associações de classe nos finais do século XIX e primeira década do século XX.O seu eleitoralismo e ambiguidade política ajudaram ao seu distanciamento e perda de influência no movimento sindical e operário, mais influenciado pelo anarco-sindicalismo primeiro e pelos comunistas posteriormente.

O PS moderno nunca teve raízes no movimento operário

O PS moderno de Mário Soares e Salgado Zenha, sendo claramente antifascista e democrático era essencialmente um partido de advogados, de classe média, sem grandes raízes nos meios operários  e aos sindicalistas.Dada a evolução da Revolução portuguesa o PS assumiu muito cedo o poder para reconstruir o Estado com democratas e fascistas reciclados.

Ao assumir o poder e sendo partido fundamental do novo regime o PS teve que se confronfrontar com um movimento sindical forte e influenciado pelos comunistas e outros sindicalistas de esquerda, católicos e até do PS, mas críticos das governações e das políticas laborais do partido socialista.Basta lembrarmos a famosa frase de Gonelha, um dos primeiros ministros de Mário Soares, que jurou «quebrar a espinha à Intersindical», a central sindical  portuguesa que lutou contra a ditadura e pelo sindicalismo livre.

Apesar de rachar o Movimenho Sindical unitário ao criar com o PSD a União Geral de Trabalhadores (UGT) o PS viria a ter sempre uma grande dificuldade em crescer sindicalmente porque estar no poder e «meter o socialismo na gaveta», gerar as crises do sistema e puxar para o patronato não permite grande popularidade no seio das classes trabalhadoras.

A Direção do PS não ouve os sindicalistas socialistas

Apesar de ter a UGT, essencialmente de serviços, e um grupo de sindicalistas na CGTP a direção do PS não ouve, não escuta os sindicalistas socialistas, ou estes não se fazem ouvir!O actual Primeiro Ministro ouve  mais as confederações patronais, a Comissão Europeia, O FMI e a OCDE do que os trabalhadores.

Mas o que mais espanta é o autismo dos governantes do PS na Educação onde até tinham uma forte base eleitoral e militantes sindicalistas.O governo PS está mais preocupado com a legalidade das greves e os serviços mínimos do que em dialogar abertamente com os sindicatos.

Na Função Pública onde o Estado é o patrão os governos PS são uma desgraça, não negoceiam nem ouvem.Reunem para cumprir formalidades.Parece que os governantes do PS não estudaram a história do Partido, não cultivam o diálogo social.O Partido não lhes deu formação básica sobre as matérias laborais e sobre um Partido que tem mais de 150 anos!

As políticas das «contas certas» adoptadas pelos governos COSTA e a falta de sensibilidade e formação sindical dos governantes , típica dos políticos do neo-liberalismo,afundam mais uma vez uma oportunidade do Partido Socialista!

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