De 7 a 9 deste mês participei num seminário sobre a economia digital , a valorização do trabalho e a dignidade dos trabalhadores realizado em Braga e promovido pela Liga Católica Operária/Movimento dos Trabalhadores Cristãos.Economistas, sociólogos, sindicalistas e animadores de diferentes movimentos e organizações sociais nacionais e internacionais debateram os desafios que as tecnologias colocam aos trabalhadores e respectivas organizações.
Claramente os participantes evitaram tanto as perspectivas apocalípticas como as idílicas, ou seja, procurou-se ver com realismo o que está a acontecer na economia e as possíveis tendências.O que estamos a ver não nos permite grandes optimismos.Pelo menos no chamado «capitalismo de plataforma» como as ubers,cabifay,amazon, deliveroo, etc.Estas empresas procuram fazer transportes, turismo ,comércio e distribuição com os mínimos custos de trabalho.Colocam milhares de trabalhadores a trabalhar de forma autónoma sob a sua direção e horários, mal pagos e com um estatuto de falsos independentes.Os ganhos vão para os que estão no controlo,os que governam a plataforma.Não existem custos com a segurança social nem com os riscos profissionais, como seguros de acidentes e médico do trabalho.Estas empresas visam contratos dos tempos antigos chamados «trabalho à jorna», trabalho à peça, sem um clássico contrato de trabalho.
Na luta pelo trabalho digno há que combater este tipo de práticas tanto a nível sindical como legal.É imporatnte que em Portugal seja publicada legislação para enquadrar plataformas como a uber e outras.
No passado dia 4 de junho o jornal «El Pais» dava conta de uma sentença do tribunal de Valencia que ganha particular importância neste momento.Um trabalhador pôs a empresa digital Deliveroo, de distribuição de comida, em tribunal porque a empresa no despedimento considerou-o um trabalhador independente quando era de facto um trabalhador dependente, com enquadramento de horários, direção de dependencia no seu dia a dia.A sentença do tribunal foi favorável ao trabalhador que rejeitou um acordo prévio e seguiu com o processo até ao fim permitindo agora que outros o façam e estimulando a aprovação de legislação adequada.Aliás os trabalhadores desta empresa fizeram em 2017 uma greve para que a empresa tivesse um comportamento responsável.
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