Ao deambular numa rua de Lisboa deparei com um edifício que tinha afixado na
parede uma placa dizendo o seguinte «obra construída pela Ditadura Nacional-ano
de 1928».Fiquei pensativo, e como sou adepto da leitura histórica, recordei o
contexto social e político daquela época. Antes de mais a constatação do que
afirmam alguns historiadores de que a Ditadura teve apoio popular nos primeiros
anos e não apenas das classes dominantes agrárias e industriais! De facto, para
se colocar uma orgulhosa placa deste género numa rua de Lisboa naquela altura é
sinal indicador do clima que se vivia!
Mas não nos enganemos! Em 1928, passados dois anos do golpe militar, a ditadura já
era odiada pela classe trabalhadora organizada, pese algumas ambiguidades no
início e subsequentes fragilidades e divisões do Movimento Operário! Aliás,
foram essas divisões no movimento sindical, nomeadamente entre anarquistas e
comunistas, que contribuíram para que a ditadura não fosse devidamente
combatida apesar dos estragos que fazia com prisões, deportações e encerramento
de sedes sindicais!
Em 1928 já tinham passado mais de 10 anos sobre a Revolução Russa, um dos maiores
acontecimentos do século XX e prelúdio de grandes transformações em todos os
continentes. O que então se passava na Rússia bolchevique já dividia
profundamente o Movimento Operário português e internacional. Os anarquistas,
por exemplo, já poucas ilusões tinham sobre a chamada ditadura do proletariado.
O debate foi intenso nas páginas do jornal operário «A Batalha».
Lamentavelmente estas questões não são abordadas nas escolas portuguesas. E
seria tão importante para que não se repitam erros tão terríveis como os de
outrora!
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