Atualmente o eixo Santarém-Lisboa-Setúbal é o grande palco das lutas sociais em Portugal! O eixo Braga-Porto-Aveiro, embora ativo, fica ainda longe do ativismo da grande região lisboeta. Esta atividade intensificou-se em 2012 com o aprofundamento do memorando da austeridade da Troika (FMI, BCE e CE) que fez crescer o desemprego a níveis nunca vistos nas décadas recentes e empobreceu mais de dois terços da população ativa e reformada!
Nos últimos dois anos cresceram como cogumelos na região lisboeta os movimentos sociais, uns mais espontâneos do que outros, convocando manifestações, concentrações e diversas ações de contestação á Troika. Diversos coletivos de cariz libertário ganharam ânimo, mobilizando segmentos de jovens urbanos descontentes com a situação social e política. Alguns destes movimentos e coletivos possuem ligações internacionais na Europa e noutras partes do mundo.
Aliás, uma das características destes movimentos e coletivos é mobilizarem camadas de jovens urbanos com trabalhos precários ou desempregados, alguns oriundos das classes medias empobrecidas urbanas e suburbanas que não têm nada a perder.Com uma cultura rebelde procuram dar autonomia aos seus movimentos, embora reconheçam nos sindicatos e partidos, em particular na esquerda, os seus aliados táticos, na medida em que estes também mobilizam gente com baixos salários oriundos do privado e do público, sindicalistas, enfim, trabalhadores altamente afetados pela crise como os das empresas públicas, portos e autarquias.
Alguns destes movimentos sociais também são animados por militantes partidários e de outras organizações políticas. Mas estes sabem que o sucesso destes movimentos sociais está na sua autonomia e agenda política própria. São uma componente fundamental da participação democrática e não se acomodam aos ritos formais da democracia representativa , corroída pela corrução e por um enorme fosso entre representantes e representados!
Outro aspeto importante destes movimentos é a sua linguagem e radicalidade. Usam palavras de ordem própria, cartazes de todo o tipo e pouco uniformizados como é notório nas manifestações tradicionais dos sindicatos. Normalmente gostam do confronto com a polícia, a cara imediata do adversário contra quem lutam-o capital. A Assembleia da República é o local privilegiado de concentração e confronto com o «poder».
Caso a situação social venha ainda a regredir mais é muito possível um fortalecimento destes coletivos e movimentos bem como a sua expansão a outros locais do País. Fundamental é também a sua capacidade de se credibilizarem e agregarem pessoas de todas as idades e não apenas de jovens. A radicalidade exigida pela situação não deve privilegiar a mera ação e o confronto com as autoridades. É necessário apresentar sempre alternativas e soluções para os problemas.
A evolução da aliança destes movimentos e coletivos com o movimento sindical será determinante para o sucesso das lutas sociais no país, tendo como objetivo impedir a destruição das nossas conquistas sociais e da liberdade! A Greve Geral de amanhã, dia 14 de Novembro, é um elo de ligação e mobilização entre estes movimentos e o movimento sindical. A nível nacional e europeu. A maturação deste movimento em toda a Europa é um grande desafio!
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