Indiferentes ao discurso político que alguns esgrimem na televisão levantam-se e vão sentar-se nos bancos da carrinha de caixa aberta!Foi um dia longo como são todos os que têm oito horas ao sol a vindimar.Os rostos cansados e empoeirados dão-lhes um ar de palhaços da feira.Nâo riem e olham indiferentes para os transeuntes.Esperam chegar a casa para descansar de um dia para logo começar outro num desenrolar do tempo que acaba quando já nada restar de uva nas vinhas do Douro!
O discurso sobre o orçamento do estado, sobre a calamidade que vem aí, segundo alguns, soa a exótico naquele meio!A ameaça de corte no subsídio do Natal pouco os assusta.Ganham ao dia ou á semana e no meio vão trabalhar uns meses para a França ou Suíça.Do Estado pouco esperam, salvo para alguns a assistência social com o rendimento mínimo ou o abono de família e claro a parca pensão para os velhos!Alguns sentem uma leve ameça nas palavras dos políticos e pivots da televisão....querem acabar com as pensões dos velhos?Isso do estado Social é coisa que nunca debateram nem lhes interessa muito.Mas se a «assietencia social já não tem dinheiro é porque alimenta muito preguiçoso».Deitam a culpa ao do lado, ao pobre....ou seja o pobre é que tem culpa porque deveria trabalhar dado que é pobre e nasceu pobre!
Nas vinhas não se ouve cantar nem quase falar!Outrora eram uma alegria, hoje ouve-se o silencio quebrado por sons fúnebres dos cachos cortados a baterem no fundo dos baldes e o chasquear das tesouras a fazerem o seu trabalho!
A Câmara da Régua, num assomo de cultura, ainda promove uns concertos á noite e apoia uma feira de livros!Um deserto completo ninguém compra um livro dizem as pessoas que passam o dia nas tendas a bocejar!Todavia, nas festas do Verão ainda se juntou um mar de gente para ouvir o Quim Barreiros cantar «os peitos da cabritinha»
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