"No final do mês de Agosto, completa-se um ano que no edifício do Tribunal de Fafe em remodelação, um vimaranense perdeu a vida. Joaquim Oliveira Neiva, então com 52 anos, morreu por esmagamento de uma placa do tecto do edifício deixando viúva e três filhos, menores.
Nove meses decorridos e, pese embora as graves falhas atribuídas ao Estado enquanto dono da obra, ninguém assumiu qualquer tipo de responsabilidades. Nem o subsídio de funeral pagou.Maria Fernanda Neiva não contém as lágrimas quando recorda a trágica morte do marido.
Estava de férias em Chaves com os dois filhos mais novos, gémeos de 13 anos, enquanto a filha mais velha, de 18, estava em França no âmbito de um projecto escolar numa altura em que se preparava para entrar na universidade.Foi informada da morte do marido pela GNR através de um telefonema feito do telemóvel do marido. "Foi horrível, não sabia como dar a notícia aos meus filhos. Depois começou a dar a notícia na televisão e não foi possível esconder mais... Era um pai presente e os filhos para ele eram tudo".
A par da perda do marido e pai dos seus filhos, a dor de Fernanda Neiva aumenta dada a indiferença total com que entende que o Estado tem tratado o assunto. Porque até hoje ninguém se dignou contactá-la. Um simples telefonema que fosse, excepção feita ao Inspector da Autoridade para as Condições do Trabalho. "Ninguém quis saber, parece que não há responsabilidades, não há família, filhos..., não quiseram saber se havia problemas psicológicos... Cai um avião há ajuda psicológica, há um acidente em Espanha onde morrem portugueses até lá vão psicólogos, comigo ninguém quis saber. Pura e simplesmente nada, até hoje nada", afirma revoltada.
A vida familiar complicou-se com a morte de Joaquim Neiva. Maria Fernanda teve de 'fazer pela vida'. Pediu ajuda à Segurança Social na procura de sustento para os filhos. Ao cabo de "oito meses atribuíram-me um subsídio provisório", o único apoio obtido já que "nem o subsídio de funeral até hoje tive direito......"(Notícia do dia)
Nota: esta insensibilidade histórica do Estado português marcou e continua a marcar profundamente os comportamentos dos cidadãos perante o mesmo!A morte de um operário merece, quando muito, uma breve notícia no canto de um jornal!
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