O livro “Os polícias não choram” do autor
Miguel Oliveira Rodrigues dá conta de que a taxa de suicídios na PSP e GNR
quase duplicou nos últimos 19 anos. No total, foram 143 profissionais que se
suicidaram, seis dos quais em 2018.
No passado dia 18 de julho entrou na
Assembleia da República ,por iniciativa do Grupo Parlamentar do PCP, uma
iniciativa legislativa que visa regulamentar o regime jurídico da prevenção,
segurança e saúde no trabalho aplicável
às atividades dos profissionais das forças e serviços de segurança.É uma
iniciativa oportuna e necessária pois estes profissionais vivem numa situação
de excepção, na medida em que a eles não se aplica directamente a lei 102/2009
que estabelece o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho
para as actividades civis.
Por várias vezes a comunicação social deu
conta de situações deploráveis no que diz respeito ás condições de segurança e
saúde dos guardas e polícias, nomeadamente de casos de assédio moral e
suicídios, de equipamento obsoleto, instalações inseguras, de turnos
prolongados, situações de stresse, enfim, de riscos execessivos á integridade
física e psiquica dos agentes.
Ora, o projecto Lei nº 963/XIII-3ª, agora
apresentado pelos comunistas, vai ao
encontro destes problemas, fazendo finalmente justiça a estes profisisonais no
domínio das condições de trabalho.
Note-se que esta lei cobrirá também os guardas
prisionais que estão na mesma situação.De resto o projecto de diploma segue
muito de perto a actual Lei 102/2009, nomeadamente no que respeita às
responsabilidades dos empergadores para fazer cumprir a lei que, neste caso,
são os comandantes e directores das forças de segurança.
O projecto prevê também a informação, formação
, consulta e eleição de representantes
dos agentes para a segurança e saúde, a organização de serviços de
segurança e saúde, internos ou partilhados,excluindo, e muito bem neste caso, a
possibilidade de serviços externos contratados.De salientar a existência da
figura do psicólogo clínico, elemento fundamental para a prevenção dos riscos
psicossociais.
Já relativamente á entidade fiscalizadora
tenho sérias dúvidas em dar esta responsabilidade à Inspeção Geral da Administação Interna.Porquê?Porque
vai fiscalizar na sua casa.Mas este é um problema mais amplo que é a necessidade
de , não sendo a ACT, criar uma entidade inspectiva para as relações laborais
no sector público.Uma entidade,por exemplo dependente directamente do Primeiro
Ministro e com autonomia inspectiva seguindo o estipulado pela Organização
Internacional do Trabalho.
Quanto ao destino no Parlamento deste projecto
será uma incógnita.Primeiro porque já não é a primeira vez que avança uma
iniciativa legislativa neste domínio; segundo porque legislar para as forças de
segurança é sempre muito melindroso.Creio porém que chegou a hora dos 4
partidos que sustentam a actual governação chegarem a acordo quanto a esta
matéria.O objectivo é melhorar substancialmente as condições de trabalho dos
que defendem os cidadãos.E melhorando as condições de trabalho e de vida destes
agentes também estamos a defender a nossa segurança.Nada mais consensual, não
é?!
Sem comentários:
Enviar um comentário