É quase consensual a ideia de que não é por trabalhar mais horas que aumenta a produtividade de uma economia.Hoje são vários os autores que escrevem sobre a libertação do trabalho e colocam a questão da possibilidade de se conseguir concretizar o «trabalho para todos».
David Frayne no seu livro em Le Refus du Travail resume-«sofrimento no trabalho e destruição ecológica têm a mesma fonte:uma organização neo taylorista do trabalho focalizada no rendimento financeiro e indiferente aos outros efeitos.Esta máquina de extarir o lucro esmaga o trabalho vivo,aquele que mobiliza o nosso corpo, os nossos sentidos, a nossa inteligência, criatividade e empatia fazendo de nós, no confronto com o mundo, seres humanos». Este é um debate de grande actualidade.
O aumento do horário de trabalho dos funcionários públicos no consulado de Passos Coelho foi uma medida de propaganda para alemão ver e visando a redução de funcionários.Um trabalhador do Estado deveria fazer o trabalho de dois.Esta medida não resolveu nada e aumentou alguns dos crónicos problemas, nomeadamente nos sectores da saúde e da educação.Nunca como hoje se falou tanto na ruptura de alguns serviços públicos.Mas o que está verdadeiramente em ruptura são as pessoas, os trabalhadores.Aumentou o absentismo por doença física e psicológica, a violência e o assédio moral bem como o desejo prematuro de reforma antecipada.Hoje será difícil encontrar um funcionário que queira trabalhar até aos 70 anos, limite obrigatório para a aposentação no Estado.
Qualquer reforma dita estrutural deve passar pela diminuição do horário de trabalho ,tanto no sector público como privado e social.
Se bem se lembram, na decada de 90 do século XX, a luta pelas 40 horas para o setor privado foi uma das maiores mobilizações sindicais daquela década.No settor têxtil, milhares de mulheres batalharam como nunca pela redução do horário de trabalho!
Passados 132 anos da tragédia de Chicago, que marcou a luta operária pelas oito horas diárias de trabalho, ainda estamos a marcar passo.É tempo de uma redução do tempo de trabalho, numa primeira fase para as sete horas diárias para todos e posteriormente para as seis horas sem redução salarial.
O tempo e a saúde são os bens mais preciosos da vida.Não haverá vida digna sem saúde e sem tempo para descansar e fazer vida pessoal, familiar e social.
A luta pela redução do tempo de trabalho, para além das vantagens económicas numa sociedade tecnológica, é uma das mais importantes marcas de avanço civilizacional.Aqui está um dos grandes desafios para os movimentos sociais, em particular para as organizações de trabalhadores.A CGTP já tem este objectivo nas suas reivindicações.....A redução do horário de trabalho pode perfeitamente ser negociado ao nível da contratação coletiva, nomeadamente incluída nos acordos de empresa.As próprias autarquias poderão fazer acordos com as respectivas organizações sindicais para reduzirem o horário de trabalho.
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