A notícia é auspiciosa e digna de grande manchete num jornal:«A Autoeuropa vai conseguir produzir
mais dois T-Roc (carros) por hora até setembro, graças a um aumento da capacidade das linhas ligadas à àrea de carroçarias».Objectivo fantástico:poderão ser produzidos 29 carros por hora!!Para que tal aconteça fazem-se mais turnos,trabalha-se ao sábado e pede-se às entidades de solidariedade que recebam as crianças aos sábados nas suas creches.Até a Segurança Social entrou nesta dinâmica colaborativa e abrindo a possibilidade de outras empresas da Região fazerem o mesmo que a Autoeuropa.Tudo isto porquê?Porque a conjuntura é favorável ao negócio dos carros, existem muitos clientes que querem carros, imaginem, pois então!Isto passa na comunicação social sem grande reflexão, sem se ponderar o que estamos a perder e, em primeiro lugar, o que perdem os trabalhadores da Autoeuropa e das empresas satélites.
Estamos a perder a chmada «semana inglesa» que foi uma conquista importante.Não trabalhar ao fim de semana foi um importante objectivo social e económico.Mais tempo de lazer,mais tempo com a família, maior dinamização dos setores do turismo,cultura , hotelaria e transportes.Mais turnos significa mais trabalho, mais desregulação da vida familiar e social do trabalhador.Significa para as crianças mais tempo fora dos pais, mais tempo nas creches,onde comem, dormem horas e dias seguidos durante a semana.
O que se passa na Autoeuropa é a ideologia produtivista no seu esplendor!É regressão social e civilizacional! A produção de veículos é mais importante do que as crianças e a saúde e lazer dos trabalhadores.Perante esta situação tem algum sentido o choro das carpideiras políticas sobre os problemas demográficos, o envelhecimento da população? As palavras dos responsáveis têm algum sentido sobre o bem estar dos trabalhadores, as medidas de prevenção e segurança a conciliação da vida familiar e profisional?A própria Igreja Católica não coloca reservas nesta matéria onde se vislumbra claramente um atentado à vida familiar?
A ideologia produtivista do capitalismo mata e continua a matar com a nossa conivência!Estamos dispostos a destruir a coesão social, a saúde e o ecosistema pelo negócio,seja qual for!Estamos a assistir a uma revolução no domínio dos direitos.As multinacionais têm direitos soberanos, os seus accionistas fazem a lei.A esta situação só podemos dizer não com toda a força.Resistir a esta degradação, a esta submissão intolerável!
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