segunda-feira, 23 de abril de 2018

NO PRIMEIRO DE MAIO HÁ QUE PENSAR O SINDICALISMO!

Agora que nos aproximamos de mais uma comemoração da Revolução de Abril fundadora do actual regime democrático, e de mais um 1º de Maio, é importante relembrar alguns aspectos da nossa vida democrática.E a questão é a seguinte:que papel teve e tem hoje o Movimento Sindical na sociedade portuguesa?Que problemas enfrentamos?
Antes de mais convém lembrar que o Movimento Sindical Português, em particular a CGTP, teve um papel central na configuração do nosso regime constitucional.Foram as poderosas mobilizações sindicais que forçaram a importantes rupturas com o passado autoritário e fascista, impedindo cosméticas reformas e lançando os alicerces de uma segurança social pública, um serviço nacional de saúde, uma escola democrática e uma economia com forte intervenção do estado e  de participação das organizações de trabalhadores.Neste aspecto a transição portuguesa foi muito mais profunda socialmente que a espanhola.
Nas décadas seguintes e apesar da divisão partidária do Movimento Sindical Português, os sindicatos continuam a ser os principais baluartes na defesa de direitos sociais dos trabalhadores perante a contra ofensiva do capitalismo português.
Hoje , e apesar da solução governativa menos agressiva, temos profundas preocupações no que respeita à ação sindical e ao futuro do sindicalismo.Aqui deixo algumas das minhas preocupações que serão certamente partilhadas por muita gente:

1.Desertificação sindical em muitos locais de trabalho.Não apenas nas pequenas empresas e serviços mas também em grandes empresas com sinais claros tais como trabalhadores que deixam de pagar a quota sindical,outros que abandonam o sindicato, nomeadção/eleição do mesmo delegado sindical durante anos, sem renovação das caras, ausência de reuniões com os trabalhadores,etc.

2.Quase todos estes aspetos também se verificam nos serviços públicos onde efectivamente a ação sindical está mais protegida porque existe mais segurança do vículo laboral.

3.Diminuição do número de trabalhadores nas mobilizações sindicais.Muitos trabalhadores não acreditam na eficácia das lutas.Os dirigentes e delegados são o grosso das «tropas» em algumas mobilizações.

4.Diminuição do número de trabalhadores que aderem às convocações de greves.

5.Baixa participação em algumas assembleias de delegados sindicais.

6.Fraco apoio sindical à criação de outras formas de organização de trabalhadores como comissões de segurança e saúde no trabalho, eleição de representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde e comissões de SST.

7.Criação de estruturas sindicais cada vez mais centralizadas e pesadas ao nível federativo e ausência de vida sindical nas uniões regionais.problemas financeiros de algumas organizações.

8.Insatisfação de alguns setores profissionais com os seus sindicatos tradicionais.Criação de pequenos sindicatos mais vocacionados para a resolução dos seus problemas.

9.Proliferação de organizações sindicais em alguns sectores profissionais onde o caso dos polícias é um exemplo extremo e preocupante.

10.Insuficiente renovação de quadros sindicais em particular nas federações e alguns sindicatos.

11.Insuficiente relação do Movimento sindical com o mundo académico e com outros movimentos sociais.

12.A formação sindical ocupa um lugar periférico nas prioridades sindicais e dos dirigentes.

13.A informação continua ainda num quadro mental do passado ligada à propaganda.Insuficente atenção à internet.

14.A dificuldade que o Movimento Sindical teve e tem em gerir o seu patrimómio , nomeadamente centros de férias e outros serviços importantes para os associados.

15. Insuficiente participação das correntes minoritárias históricas,( BASE-FUT/católicos, socialistas e oriundos do BE) nomeadamente na CGTP, e democrata cristaõs do CDS na UGT),sendo assim mais evidente o peso excessivo da corrente comunista na reflexão e no discurso sindical na primeira central e a dos PSD,s na UGT.

E não me alongo mais para não contruir um inventário que, por ser longo, tem pouca utilidade.O Movimento Sindical Português, em prticular a sua vertente mais dinâmica precisa de «arejar» de promover uma grande renovação.Uma renovação que passe por novos métodos de trabalho e debate, sem medo de errar ou sair  da linha oficial, de dizer coisas novas, tornando-se assim mais atractiva para a juventude trabalhadora, hoje mais escolarizada e ligada às novas tecnologias.Não defendo aqui o «sindicalismo online» mas há muito a fazer neste e noutros domínios.
Uma democracia sem sindicatos fortes e reivindicativos é uma democracia do «faz de conta».É sim uma partidocracia, uma governação de uma elite política , sujeita á lei das empresas, a lei do mais forte!

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