terça-feira, 30 de maio de 2017

0 SINDICALISM0 E AS MULHERES!

 0 sindicalismo continua a ser «coisa de homens»?Em grande medida continua, embora a situação  esteja a
melhorar!Estudos sobre esta matéria existem bastantes em vários países, nomeadamente no Brasil e Espanha.Em Portugal, embora não abundem,  também existem alguns, nomeadamente do investigador do ISCTE Paulo Alves.
Num resumo de um dos  trabalhos deste autor podemos ler«A militância no feminino foi durante muito tempo envolta no silêncio, tendo sido necessário esperar pelos últimos trinta anos para se verificar um considerável incremento nas pesquisas tendo a militância das mulheres como objeto de inquérito sociológico. Várias temáticas têm sido abordadas, mas há quatro que se evidenciam: o questionamento sobre se as mulheres possuem interesses específicos e como é que eles se articulam com os interesses de classe; as transformações que ocorrem nas estruturas sindicais para acomodar as mulheres; quais os contributos da militância feminina para uma outra forma de fazer sindicalismo, ao tornarem as estruturas e as agendas sindicais mais inclusivas dos interesses das mulheres trabalhadoras; e a medição da representação das mulheres nas instâncias de decisão. 
Neste último domínio, todos os estudos disponíveis demonstram que o crescimento em números absolutos e relativos das mulheres nos efetivos sindicais nos últimos decénios não se traduziu num crescimento correspondente no número de mulheres nos lugares de decisão, com os sindicatos a providenciarem muito raramente uma sua representação adequada (Cook et al., 1992; Curtin, 1997; Garcia,.....»
É verdade que as mulheres ganham em geral menos do que os homens, sofrem mais assédio sexual e moral,têm mais dificuldades no que respeita à conciliação entre a vida familiar e profissional!Para além de horários longos de trabalho a maioria tem filhos ou outros familiares a cargo e grande parte da vida doméstica para gerir!
Na divisão internacional do trabalho a mulher ficou mais para o trabalho doméstico enquanto que os homens estão mais para o exterior,para a ação social, nomeadamente para o associativismo e o sindicalismo!A mulher vive assim uma sobrecarga de trabalho e uma sobre exploração!Elas têm assim fortes razões para se sindicalizarem e lutarem!
Tal como acontece em vários setores da sociedade, onde as mulheres estão a participar em grande força,também no sindicalismo é preciso alargar o espaço de participação das mulheres!.Elas são fundamentais no sindicalismo porque elas estão em força no mundo laboral!
A renovação sindical exige assim uma atenção especial ás mulheres, nomeadamente com uma aposta na formação de ativistas sindicais preparadas para trabalharem na base, nos locais de trabalho, procurando ir ao encontro dos problemas das mulheres trabalhadoras!
Considero assim relevante que no programa de ação a debater na 7ª Conferência  Nacional da Igualdade da CGTP, no próximo dia 2 de junho,se coloque a necessidade de formar ativistas no domínio da prevenção e combate ao assédio moral e sexual!No domínio das doençãs profissionais também!Está muito bem visto pois enquanto os acidentes de trabalho afetam mais os homens as doenças profissionais afetam as mulheres!Os problemas do assédio e das lesões músculo- esqueléticas afetam muito particularmente as mulheres! 0 olhar sobre as questões de segurança e saúde no trabalho ainda é masculino.As propostas reivindicativas sindicais estão assim a ir ao encontro dos problemas das mulheres trabalhadoras.As mulheres sindicalistas captam mais rapidamente o sentir e os problemas das mulheres no trabalho!Os direitos da parentalidade são também outro campo onde as mulheres sindicalistas têm maior capacidade de entender as outras mulheres!Elas sabem por experiência que é muito importante ter tempo para a vida social e familiar, para cuidar dos filhos e outros familiares!
Uma maior participação das trabalhadoras na vida sindical  irá beneficiar a renovação das organizações e tornar mais ricas as suas reivindicações!

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