Todos estamos de acordo em que o
sindicalismo tem hoje grandes desafios pela frente! A globalização do
capitalismo e as suas formas refinadas de exploração vão pouco a pouco
estilhaçando os grandes baluartes sindicais. Em primeiro lugar as empresas mais
pequenas, depois as grandes empresas onde existiam importantes coletivos de
trabalhadores organizados e posteriormente os serviços públicos onde existia
estabilidade dos vínculos laborais e era mais fácil a organização sindical. Paulatinamente
o sindicalismo, embora resistindo, vai ficando desarticulado ou inexistente em
muitas empresas da indústria e dos serviços e os trabalhadores ficam sem
proteção, sem representação, sem liderança!
É óbvio que temos uma crise global do
sindicalismo como forma organizativa da classe trabalhadora e uma crise
específica, nomeadamente de sindicalização. As novas adesões não chegam para
colmatar as desistências! Mas porque será que alguns sindicalizados deixam de
pagar quotas ou pedem a desfiliação sindical? E porque será que alguns
trabalhadores não vêm vantagens em serem membros do sindicato? Os delegados
sindicais conhecem as principais razões mas, frequentemente, omitem algumas aos
dirigentes. Ora as principais razões, todas elas interdependentes, são:
salários baixos, precariedade e desemprego, medo dos patrões e chefes, poucas
vantagens materiais e razões de ordem partidária!
Sei por experiência própria de que um
trabalhador sindicalizado e ativista sindical, mesmo nos serviços públicos,
está marcado, salvo nos casos em que também seja, ou se torne, um conhecido
militante de um dos grandes partidos de governo! Numa empresa privada e nos
tempos que correm um sindicalizado e em particular um sindicalista, é também
olhado de forma discriminatória e até despedido!
Mas é frequente os trabalhadores dizerem
que não vêm vantagens concretas em estarem sindicalizados! Há trabalhadores
que, por razões ideológicas, querem estar sindicalizados! Mas a maioria dos
trabalhadores quer ver vantagens concretas, ou seja, quando lutam pelas 35
horas de trabalho semanais querem que um dia essa reivindicação seja
concretizada! Quando fazem uma greve e a mesma lhes custa dinheiro querem ver
que a luta mais tarde lhes possa dar uma recompensa! Ora, acontece que a maioria
das lutas sindicais infelizmente não está a ser ganha e é um desgaste tremendo
e contínuo, em particular em anos de crise económica!Alguns dirigentes sindicais fazem o discurso da vitória permanente para defenderem a sua carreira e embalam-se com os cânticos dos seus partidários!Não se dão conta que, por vezes; o que resta são precisamente os militantes partidários!!
Assim, é fundamental que os sindicatos organizem
formas concretas de apoio aos sócios para além dos apoios jurídicos, nem sempre
eficientes! Um dos apoios que se deveria equacionar é o chamando fundo de greve
e de solidariedade para enfrentar lutas prolongadas que cada vez vão ser mais
necessárias! Um sindicato tem que ser cada vez mais eficiente nos ganhos para
os seus sócios. Nos tempos atuais as pessoas fazem contas à vida e olham para
os parcos salários e para a quota sindical e querem ver se também aqui fazem um
bom investimento.
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