Os últimos
acontecimentos demonstraram claramente que a direita portuguesa tinha um plano
bem gizado de subversão do Estado social constitucional saído da Revolução de
Abril. Tinham um governo da direita radical sustentado pelos banqueiros e
grandes empresas, pelo PPE na Europa, comunicação social e por um Presidente
atual e candidato a presidente feitos muletas deste projeto! Uma parte da classe média conservadora
apoiava e apoia este projeto, bem como alguns setores populares que, por serem
tão pobres, o governo Passos/Portas pouco ou nada lhe tirou de forma direta!
Este
projeto foi interrompido pelo Partido Socialista e pelos outros partidos da
esquerda parlamentar criando uma enorme azia nas hostes da direita e indo ao encontro dos desejos de muitos homens e mulheres de esquerda! Aquela, porém, espera que
a situação seja passageira pensando regressar ao poder em breve! Óbvio! De
facto as condições adversas são muitas e apenas uma governação e luta inteligente
poderá levar o barco o mais longe possível! Por governação inteligente entendo
aqui não apenas a ação do governo PS mas também a ação de todas as forças de
esquerda inclusive do Movimento Sindical e social! Essa governação inteligente
tem a meu ver as seguintes características:
- 1. É uma ação guiada por uma estratégia geral, com rumo, cujo objetivo deve ser não frustrar as espectativas sociais e políticas dos trabalhadores e reformados, criando emprego sustentado de qualidade através de uma política de pequenos passos, avançando e consolidando; O horizonte deve ser a legislatura de quatro anos e outro objetivo estratégico será retirar o poder político á direita de modo consistente.
- 2. Durante os próximos anos controlar as despesas do Estado mas aumentar significativamente as pensões abaixo dos 600 euros e o salário mínimo até 600 euros, bem como os apoios sociais aos idosos, pessoas desempregadas e do rendimento mínimo. Estes objetivos deveriam ser consensualizados na esquerda e os sindicatos. Estes objetivos, de verdadeiro combate á pobreza, seriam prioritários relativamente a outros aumentos salariais e de pensões. A vida custa a todos mas custa mais a uns do que outros!
- 3. Nesta linha a estratégia da ação sindical seria prioritariamente para repor os cortes salariais, tornar mais justa a grelha do IRS evitando os impostos indiretos que prejudicam os mais pobres; Revalorizar o SNS e a escola pública tendo como objetivo final uma saúde e educação de qualidade e gratuita para todos os cidadãos portugueses.
- 4. De seguida insistir nas reivindicações qualitativas que não ficam onerosas ao Estado nomeadamente mais investimentos na saúde e segurança dos trabalhadores, mais dias de férias, reposição das 35 horas na Função Pública e torna-las generalizadas em todos os setores de atividade, em particular nas grandes empresas públicas e privadas. A competitividade e produtividade das empresas não exige necessariamente salários baixos e muitas horas de trabalho.
- 5. Aproveitar o atual quadro na relação de forças mais favorável para um grande esforço de mobilização dos trabalhadores para estas questões qualitativas, fortalecendo a organização sindical nos locais de trabalho, formando quadros e ativistas sindicais.
- 6. Aproveitar as contradições atuais no seio da União Europeia para desenvolver uma ação política diplomática e social no sentido de abrir brechas no bloco de direita defensora da austeridade pura e dura procurando evitar o reforço da extrema – direita. Criar no entanto solidariedades sociais e políticas plurais tendo como principal objetivo barrar o caminho da extrema- direita em ascensão na Europa.
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