O stresse é hoje um dos principais problemas do trabalho.
Os inquéritos mais recentes a trabalhadores e patrões nomeadamente das Agências
especializadas da União Europeia revelam que esta questão preocupa algumas empresas
e sindicatos e é tema de seminários, colóquios e campanhas visando, não apenas o
stresse, mas outros riscos psicossociais como o assédio moral, mobbing e
violência no trabalho!
Em outubro passado a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho encerrou uma Campanha Europeia de informação sobre a gestão
do stresse. Mais de 25% dos trabalhadores europeus dizem-se afetados de algum
modo por este problema! Parece que o stresse está na base de uma grande parte
dos dias perdidos de trabalho e de numerosas doenças psíquicas e físicas,
nomeadamente cardiovasculares e depressivas. Pode levar ao esgotamento físico e
psíquico de uma pessoa por mais forte que seja!
Acontece que na maioria dos casos o tema do stresse é
debatido e estudado como um problema de produtividade antes de ser um problema
de saúde! Fala-se em stresse bom, ou seja, aquele que funciona como forma de
pressão sobre o trabalhador para aumentar a intensidade do trabalho e em
stresse mau ou seja aquele que já nos afeta de forma permanente, com vários sintomas de natureza física e psíquica!
É curioso como, inclusive, alguns investigadores fazem
este tipo de distinções e afirmam que o mais importante é saber gerir o
stresse, admitindo que este é inevitável e até de certo modo necessário!
Ora, temos hoje alguns estudos que nos mostram que o
stresse é utilizado pela gestão para aumentar a intensidade do trabalho e,
assim, intensificar a exploração do trabalhador! O stresse, e até o assédio
moral, são assim utilizados como ferramentas de gestão para aumentar a
produtividade! Consideram-se como boas ferramentas, desculpabilizam-se e
tornam-se elementos da ideologia gestionária no quadro da exploração laboral na
economia capitalista!
Ora, uma perspetiva sindical do combate ao stresse não se
pode cair nesta armadilha, fazendo precisamente o jogo dos novos tipos de
gestão ao serviço de uma ideologia que submete a saúde do trabalhador aos
interesses de um capitalismo selvagem!
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