segunda-feira, 20 de abril de 2015

PRÁTICAS DE GESTÃO QUE GERAM SOFRIMENTO!

Neste contexto é importante aprofundar os desafios colocados ao trabalho humano pelas atuais formas de  gestão empresarial e de organização do trabalho desta economia capitalista. É impressionante verificar que a maioria dos gestores pensa da mesma maneira como fossem formatados. É uma gestão que recorre á pressão permanente, a sistemas de avaliação quantitativos e fomentadores da competição e, em tantos casos, ao assédio moral. Instala-se a concorrência entre trabalhadores bem como o medo do despedimento ou da não renovação do contrato. Os call centers, agora muito em moda, são alguns exemplos de um tipo de gestão onde se encontram dinâmicas deste tipo para além dos salários baixos que auferem. Os coletivos de trabalhadores são destruídos, os sindicatos são fragilizados e cada um fica por sua conta! Os mais vulneráveis não resistem ao stresse e a outras doenças como a depressão, que segundo a OMS será, em 2020, a principal doença das pessoas ativas.
Mas o mais grave é que esta cultura empresarial que se expande á frente dos nossos olhos não tem piedade para os fracos! É enaltecido o que resiste, o forte, o competitivo. Depois temos casos como o piloto alemão da Germanwings que escondem a sua doença para não aparecer como fraco aos seus gestores e assim comprometer a sua carreira ou ainda os casos dos sucessivos suicídios na Renault francesa muito falados na imprensa de todo o mundo! Neste contexto muita gente acaba por ir trabalhar doente-hoje muito comum- e temos assim o «presentismo» em contraponto ao absentismo.

Mas ainda mais grave é que estas práticas de gestão e de organização do trabalho, em que o trabalhador vive em sofrimento e em silêncio, começa a ser banal, é a «banalização do mal», tema trabalhado hoje por vários investigadores da Psicodinâmica do Trabalho, tendo como nome mais conhecido o francês Christophe Déjours. Os trabalhadores procuram definir as suas estratégias para enfrentar o sofrimento do trabalho. Os próprios sindicatos não estão preparados para lidar com estes problemas.(Preocupações apresentadas no ESCUTAR A CIDADE em Lisboa a 16 de abril de 2015).

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