Neste contexto é
importante aprofundar os desafios colocados ao trabalho humano pelas atuais formas
de gestão empresarial e de organização do trabalho desta
economia capitalista. É impressionante verificar que a maioria dos gestores pensa da
mesma maneira como fossem formatados. É uma gestão que recorre á pressão
permanente, a sistemas de avaliação quantitativos e fomentadores da competição
e, em tantos casos, ao assédio moral. Instala-se a concorrência entre
trabalhadores bem como o medo do despedimento ou da não renovação do contrato.
Os call centers, agora muito em moda, são alguns exemplos de um tipo de gestão
onde se encontram dinâmicas deste tipo para além dos salários baixos que
auferem. Os coletivos de
trabalhadores são destruídos, os sindicatos são fragilizados e cada um
fica por sua conta! Os mais vulneráveis não resistem ao stresse e a outras doenças como a depressão,
que segundo a OMS será, em 2020, a principal doença das pessoas ativas.
Mas
o mais grave é que esta cultura empresarial que se expande á frente dos nossos
olhos não tem piedade para os fracos! É enaltecido o que resiste, o forte, o
competitivo. Depois temos casos como o piloto alemão da Germanwings que escondem a sua
doença para não aparecer como fraco aos seus gestores e assim comprometer a sua
carreira ou ainda os casos dos sucessivos suicídios na Renault francesa muito
falados na imprensa de todo o mundo! Neste contexto muita gente acaba por ir
trabalhar doente-hoje muito comum- e temos assim o «presentismo» em contraponto
ao absentismo.
Mas ainda mais
grave é que estas práticas de gestão e de organização do trabalho, em que o
trabalhador vive em sofrimento e em silêncio, começa a ser banal, é a
«banalização do mal», tema trabalhado hoje por vários investigadores da
Psicodinâmica do Trabalho, tendo como nome mais conhecido o francês Christophe
Déjours. Os trabalhadores procuram definir as suas estratégias para enfrentar o
sofrimento do trabalho. Os próprios sindicatos não estão preparados para lidar
com estes problemas.(Preocupações apresentadas no ESCUTAR A CIDADE em Lisboa a 16 de abril de 2015).
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