Urgente uma renovada
reflexão antropológica e teológica sobre o trabalho numa sociedade e em
particular numa economia que em nome da competitividade e do deus «mercado»
desvaloriza económica e socialmente o trabalho. Hoje temos ministério da
economia e não do trabalho, fala-se em «colaboradores» e não em trabalhadores. O trabalho é um «fator», como a
eletricidade ou a gasolina. Os trabalhadores são frequentemente vistos como um problema e não como a solução
pelas novas formas de gestão! Por vezes acontece que um despedimento coletivo
faz subir as ações na bolsa. Alguns gestores são extremamente criativos a
encontrarem formas de redução de custos, em geral relacionados com o trabalho!
Mas
o maior desafio é o futuro do trabalho numa sociedade que para produzir riqueza
precisa de menos gente a trabalhar. É aceitável uma sociedade em que apenas se
garante trabalho a uma parte reduzida da população ativa? Será que se
perspetiva uma sociedade fraturada entre os que têm trabalho e, portanto
rendimento, e os que nunca conseguem emprego? Entre os que recebem bons
salários e emprego mais ou menos estável, uma minoria, e os que vivem para
sempre na precariedade, no trabalho atípico, no biscato, na economia informal
ou seja a maioria?
Ora o trabalho,
mesmo no contexto de trabalho dependente, assalariado, com as respetivas
limitações legais, é uma atividade humana, possibilidade de sobrevivência com
dignidade e realização pessoal. Como podemos conviver com uma realidade em que uma minoria tem bons
empregos e a
maioria vive sem trabalho remunerado, sem estabilidade, sem condições de
dignidade O trabalhador não é uma peça descartável, é ator e criador da
riqueza. Uma economia humana não poderá marginalizar tanta gente do trabalho. A
maioria cairá na pobreza e na falta de dignidade! Urge novo aprofundamento da
Igreja nesta matéria...(preocupações a apresentar no Forum Lisboa).VER PORTAL «ESCUTAR A CIDADE
Sem comentários:
Enviar um comentário