Devo dizer que a situação social e política de Portugal exige que os portugueses lutem apesar do desemprego histórico que nos afecta.Em Março, com a discussão na AR da legislação laboral emergente do Acordo recentemente aprovado pelos patrões e pela UGT a situação merece uma Greve Geral sem dúvida alguma.Por outro lado, a última manifestação nacional tem que ser potenciada politicamente.
A questão não está portanto em contrapor à greve geral uma «semana de luta» ou uma outra acção mais suave.Até porque após uma Greve Geral ainda recente e uma grande manif será lógica uma acção mais forte.
Para mim a questão está muito mais na metodologia política utilizada.Uma Greve Geral convocada desta forma foi uma acção pensada politicamente por uma cúpula político-sindical.Melhor dito, por uma parte da cúpula sindical ,dado que uma outra parte da direcção da CGTP parece ter sido apanhada de surpresa pela proposta de Arménio Carlos.
A verdadeira diferença entre um sindicalismo autónomo e de base e um sindicalismo mais vanguardista está precisamente nesta questão.
A convocação desta Greve é o exemplo acabado do sindicalismo voluntarista de uma elite iluminada.Decide a greve e numa segunda fase vai convencer os trabalhadores a aderirem á mesma.Ora, aqui os trabalhadores ficam confrontados com uma decisão que lhes é explicada mais tarde.Eles efectivamente não deram verdadeiramente a sua opinião, não participaram na decisão.Eles apenas vão (ou não) materializar a decisão de uma vanguarda!
Assim, razões para uma greve geral não faltam.A metodologia,porem, não é sindicalista.A convocação de uma nova greve geral deveria ter outro amadurecimento.Deveriam ser auscultados mais sectores sindicais e ouvidos os trabalhadores em plenários.
Dirão alguns que esta tem sido a forma tradicional de trabalhar na CGTP.Na sua essência é verdade, embora matizada em diversas ocasiões sob a direcção de Carvalho da Silva.Todavia, esta última proposta de greve geral indicia um aprofundamento desta metodologia vanguardista ao sabor dos que apenas pensam na «luta e mais luta», esquecendo que todos queremos ver alguns ganhos quando lutamos!
Esta estratégia para a frente pode ter sucesso mas também corre o risco de uma greve com menor adesão do que a anterior, o que permitiria ao governo recolher alguns louros do confronto.
Por outro lado, a questão da UGT não pode ser negligenciada.Esta Central desta vez não será uma aliada, mas uma feroz adversária.Mais do que o governo a UGT vai sentir-se ameaçada por esta greve da CGTP.O sucesso desta greve mostraria que a assinatura da UGT no Acordo não passa de uma muleta politica para o governo e para si própria.
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