sábado, 30 de maio de 2009

AUTOEUROPA:Que podem fazer os trabalhadores?


Mais uma vez os trabalhadores da Autoeuropa estão com uma negociação difícil em cima da mesa.Difícil porque num contexto de crise como não há memória e porque a indústria automóvel é hoje o sector mais vulnerável de todos;difícil ainda porque a multinacional Volkswagen tem muitos aliados na negociação,começando pelo Governo e tem uma estratégia de negociação de empresa a empresa e jogando sempre o espectro do desemprego, caso os trabalhadores não aceitem as suas condições!
Desta vez a empresa quer que os trabalhadores trabalhem aos sábados sem ganhar! Por este caminho qualquer dia a empresa quer que os trabalhadores paguem para trabalhar alguns meses!Não estou a brincar!Nos finais do século XIX e início do século XX o movimento dos trabalhadores portugueses tiveram que lutar pelo fim das licenças para trabalhar!Os trabalhadores dos restaurantes e hotéis chegaram a trabalhar apenas pelas gorjetas e ainda tinham que dar algum aos patrões!!
Segundo António Chora, da Comissão de Trabalhadores «não existe nenhuma fábrica do mundo do VW em que os trabalhadores trabalhem todos os seus sábados no turno da manhã,com troca de dia por dia.Há limites para tudo!»
É este o dilema dos trabalhadores da Autoeuropa e de todo o mundo:onde estão os limites do retrocesso social em curso para combater uma crise que foi gerada pelo capitalismo financeiro?Abdicar dos direitos ou ficar sem emprego?Isolados,lutando empresa a empresa , grupo a grupo, sector a sector os trabalhadores não poderão travar esta monumental ofensiva do capital que pretende minimizar os efeitos da crise nos seus lucros.A liderança actual dos trabalhadores (sindical e política) quer a nível mundial quer a nível europeu não está capaz de travar esta ofensiva.Alguns dos seus tradicionais aliados ( partidos operários ou socialistas) esboroaram-se ou passaram para o neoliberalismo!O desemprego afecta uma larga fatia dos trabalhadores, o sindicalismo na base é débil, a greve como forma de luta perdeu muita da sua eficácia!
O caso da Autoeuropa não é fácil de resolver a favor dos trabalhadores.A liberdade dos assalariados é novamente uma treta!Quem tem de negociar o pão para a boca,( o emprego) que grau de liberdade pode ter?
Estamos num momento particularmente difícil de resistência!Alargar essa resistência é fundamental.Não se pode lutar isolado!O caso de uma empresa deveria ser o caso de todo o movimento sindical.Parece não ser esse o caminho do comité de empresa da VW e do movimento sidical português e europeu!O que nos espera?

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