Com as mudanças em curso na vida económica e, concretamente, nas relações de trabalho, colocam-se com pertinência uma série de questões que requerem respostas urgentes no dia a dia. Com as mudanças constantes na gestão e organização do trabalho, com as novas exigências dos clientes, com a introdução de novas tecnologias de informação e comunicação, com o tele-trabalho e as empresas virtuais pergunta-se: que locais de trabalho estamos a construir e como podemos garantir, no futuro, a segurança e saúde dos trabalhadores, o equilíbrio entre produtividade e bem-estar no trabalho?
Tem sentido falar em inadaptação do trabalhador? Não deve , pelo contrário falar-se em adaptação do trabalho ao homem tal como o define a ética humanista e a ergonomia a psiquiatria e outras ciências da saúde?
Tem sentido falar em inadaptação do trabalhador? Não deve , pelo contrário falar-se em adaptação do trabalho ao homem tal como o define a ética humanista e a ergonomia a psiquiatria e outras ciências da saúde?
São questões que interessam a todos e, em particular, aos gestores, representantes dos trabalhadores e serviços de segurança e saúde no trabalho (SST).
Com efeito, a maioria dos especialistas em gestão afirmam que hoje e no futuro as pessoas são o elemento chave do desenvolvimento económico e social. Pessoas competentes, autónomas com saúde mental e física; pessoas com tempo para a vida social e familiar; pessoas com tempo para si próprias!
Ora, se não trabalharmos correctamente ao nível das empresas e, nomeadamente, dos locais de trabalho em sentido amplo, não conseguiremos estes objectivos. Para além de lembrarmos as medidas técnicas de prevenção, para bem implantarmos e organizarmos os locais de trabalho tradicionais saliento três preocupações para o futuro.
Uma delas tem grande actualidade no contexto do debate europeu sobre a flexisegurança. Há que pensar bem nas consequências da flexibilidade organizacional, nomeadamente na natureza dos locais de trabalho, dos horários e da mobilidade geográfica.
Há que ter em conta os efeitos e os custos humanos e económicos do trabalho realizado em locais de trabalho instáveis, em casa ou em quase existência virtual. Como compatibilizar a saúde dos trabalhadores com essas formas de exercer uma actividade? Como evitar o stress, por exemplo, que está na origem de diversas doenças?
Uma outra preocupação, não menos importante, prende-se com a questão da emergência de alguns riscos profissionais que se acentuaram nos tempos modernos como o ruído, a carga física e mental, o stress, o assédio ou coacção psicológica e a violência no trabalho.
Estes riscos, cada vez mais estudados, estão hoje no centro das preocupações de organizações internacionais como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) ou a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (AESST).
Na sua origem está frequentemente um estilo de vida e uma organização do trabalho propiciadoras do stress. Pela sua complexidade e impacto económico e social exigem um particular esforço dos serviços e técnicos de SST, bem como uma especial atenção das chefias.
Finalmente não podemos esquecer um princípio fundamental para a prevenção dos riscos profissionais cada vez mais decisivo no futuro: a prevenção deve estar integrada no projecto de uma obra, de uma cadeira, de uma máquina, de uma ferramenta. A prevenção na concepção dos locais de trabalho por sua vez evita muitos acidentes e doenças profissionais. Nesta linha há que dar cada vez mais espaço à ergonomia. O esquecimento deste princípio fica muito caro às empresas e a toda a sociedade.
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