sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

PARA ALÉM DA PANDEMIA....AS LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS DO TRABALHO

 

Apesar dos avanços tecnológcios e de uma informação mais abundante a actual população activa


europeia continua a ser muito afectada pelas lesões músculo-esqueléticas.Milhões de trabalhadores europeus sofrem destas doenças.A intensificação e sobreexploração dos trabalhadores leva ao adoecimento crónico.Esta realidade comporta grande sofrimento para os trabalhadores, limitações para as suas famílias e pesadas perdas para a segurança social e  saúde públicas.

No actual contexto de pandemia o importante é salvar o máximo de pessoas e infelizmente outros problemas de saúde são deixados de lado tanto pelos doentes como pelos serviços de saúde.Mas as doenças músculo-esqueleticas não matam de imediato mas vão matando aos poucos.Como diz o ditado popular «não mata mas moe».

A pandemia mete debaixo do tapete muitos outros problemas de saúde

Neste contexto se compreende a Campanha Europeia da Agência para a Segurança e Saúde no Trabalho a decorrer actualmente nos países europeus.Sindicatos e outras organizações de trabalhadores de várias orientações com destaque para a CES/ETUI e o EZA participam também nesta Campanha de informação e formação procurando intensificar e alargar as ações de prevenção nos locais de trabalho.A situação é de tal modo grave que há muito se reivindica uma legislação comunitária que possa enquadrar a prevenção dos riscos que provocam estas lesões de origem profissional.Os empresários europeus não querem medidas obrigatórias de prevenção e falam em medidas voluntárias e boas práticas.Mas as chmadas «boas práticas» são frequentemente meras ações de propaganda e não se inserem numa estratégia organizada de avaliação de riscos.

Por outro lado a pandemia tem as costas largas e também serve para esquecer e meter problemas debaixo do tapete.Mas não podemos esquecer que as doenças  por cancro profissional causam também milhares de mortes todos os anos.

A  origem destas lesões profissionais não está apenas nos factores de risco tradicionais como o incorrecto  trasporte e elevação de cargas ou nos postos de trabalho mal desenhados e construidos, impróprios para neles se trabalhar continuamente.Sabemos que muitas das lesões se devem á microelectrónica e aos novos equipamentos informáticos  da era moderna ligados às recnologias de comunicação.

Trabalhar sentado ou de pé horas seguidas , com intensificação e sobrecarga dos membros superiores ,sem medidas preventivas e postos de trabalho não adequados pode comportar riscos e lesões para todas a vida. Por outro lado, recentes estudos fazem uma relação entre factores de risco psicossocial e lesões músculo-esqueléticas.Ou seja, local de trabalho doente onde se cultiva o stresse laboral , o assédio  e a violência mais propensão encontramos para as referidas lesões.

Implementar medidas numa estratégia preventiva pensada

 Por lei os empregadores são obrigados a avaliar os riscos do trabalho e  implementar as medidas de prevenção e ainda a organizarem ou contratarem serviços de segurança e saúde no trabalho.A maiora das lesões são enquadráveis como doenças profissionais e como tal deveriam ser tratadas.Entre as medidas preventivas podemos considerar algumas:

1.Avaliar o riscos com a participação dos trabalhadores, médico do trabalho , ergonomista ou técnico de Segurança e saúde no trabalho.

2.Elaborar plano de prevenção e de promoção da segurança e saúde dos trabalhadores.Encontrar soluções para prevenir os factores de risco nos locais de trabalho ao nível dos postos e organização do trabalho, equipamentos de trabalho, de proteção individual e colectiva.ações de informação e formação dos trablhadores.

3-Avaliação.Rever periodicamente a eficácia das medidas e reformular o que está menos bem ou introduzir novas medidas.

4.Toda esta ação deve ser protagonizada pelo serviço de segurança e saúde e representantes dos trabalhadores, serviço que, por sua vez, deve reportar directamente á administração/gestão.

A nossa legislação bem como a Directiva Quadro  391/CEE estipula que o trabalho se deve adaptar ao homem.É um principio muito bonito que na prática raramente acontece.A organização do trabalho na economia capitalista obedece aos critérios de rentabilidade e de máximo lucro.Toda a filosofia da flexibilização apregoada por várias instancias como OCDE,FMI e Comissão Europeia tem por base a necessidade de adaptar o homem ao trabalho e não o trabalho ao homem e mulher.E é na organização do trabalho que encontramos muitos dos factores que colocam em risco a saúde dos trabalhadores!Mas é também na organização do trabalho que os empregadores menos gostam que os trabalhadores e seus representantes «metam a colher».

 

 

 

 

 

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