quinta-feira, 11 de abril de 2019

CAPITALISMO E SAÚDE DOS TRABALHADORES


Hoje está suficientemente estudada a relação entre a profissão , o estilo de vida e a mortalidade das pessoas.Por norma um mineiro ou um operário da construção tem menos anos de vida do que um quadro ou empregado de escritório.Claro que hoje a vida de um quadro ou empregado de escritório também está sujeira a riscos em particular de ordem psicossocial com relevo para o stresse.
Mas são os operários qualificados e não qualificados que mais morrem de acidente laboral.São os trabalhadores da construção e da indústria transformadora que mais sofrem no trabalho e que mais morrem devido às condições de trabalho.
Já as mulheres são as que mais sofrem de doença profissional com destaque para as lesões músculo-esqueléticas a grande «peste» da Europa pois afecta milhões de trabalhadores,tornando-lhe a vida um inferno.
Ora as políticas preventivas tradicionais acentuaram sempre o foco no trabalhador, na sua formação, na sua proteção e no acidente de trabalho ao mesmo tempo que excluiam as mulheres  e pouca importância davam e dão às doenças profissionais.O relevo vai para a proteção individual, enfim para o factor humano, e menos para a organização do trabalho e para a proteção colectiva.Estas políticas foram paulatinamente mudando a partir das últimas décadas do sécilo XX e ,de algum modo as directivas comunitárias, em particular a Directiva Quadro, e as convençºoes da OIT já revelaram essa mudança.Todavia, as empresas de formação de técnicos de segurança, de consultadoria,da prevenção nas grandes multinacionais ainda focam muito a ação preventiva no trabalhador,na sua formação e no estabelecimento de regras para serem cumpridas pelos trabalhadores.Mesmo entre sindicalistas e representantes de trabalhadores existe esta tendência de colocar no trabalhador o foco da prevenção.Existe toda uma retórica da qualidade, do cumprimento de regras, de cursos técnicos  dados por empresas cujo negócio é fornecer formação bem paga às empresas.

Pouca reflexão sobre os riscos da organização do trabalho e gestão empresarial  patológica

Por outro lado vemos pouca reflexão sobre os riscos da organização do trabalho e da gestão empresarial na súde dos trabalhadores.Uma gestão em muitos aspectos patológica, geradora de pressão, assédio, enfim, de sofrimento.Evita-se falar nas consequências da precariedade e dos ritmos de trabalho na saúde dos trabalhadores e como causas de acidentes.Os riscos do trabalho por turnos, da laboração contínua, do trabalho temporário ,da falta de descanso,do acumular da fadiga.
Em resumo o discurso sobre a segurança e saúde no trabalho dominante não coloca em causa a gestão capitalista e a competitividade.Nesta o homem é que tem que se adaptar a tudo, nomeadamente aos ritmos de trabalho impostos pelos clientes ou pelos acionistas, aos horários de trabalho exigidos pela laboração contínua e pelos tetos de produção.O descanso e a família ficam secundarizados e perderam importância no mundo da economia competitiva.A competitividade é sagrada, a vida e saúde do trabalhador está em segundo lugar! Assim se explica que cada vez tenhamos mais gente doente a trabalhar

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