Ouvimos, por vezes, dizer que os tarbalhadores se devem adaptar ao mundo do trabalho.Dito desta
maneira sem qualquer crítica, reproduzindo uma fórmula dogmática empresarial
sem questionar o sentido da mesma é chocante.
Podemos virar ao
contrário esta afirmação dizendo porque não se pode adaptar o mercado de
trabalho ao trabalhador?Porque partem do princípio de que o mercado de
trabalho não se adapta?Por acaso o
mercado de trabalho é de natureza divinal, eterna e imutável?
Antes de mais teremos
que questionar o conceito horrível de «mercado de trabalho».O trabalho humano é uma realidade muito mais
ampla e rica do que um simples mercado de compra e venda do trabalho numa
economia capitalista.O mundo do trabalho é constituído por pessoas.Se é verdade
que os trabalhadores se devem preparar com competências para o trabalho e se
devem adaptar às mudanças, também é verdade que essa adaptabilidade tem limites
que são os direitos do homem e os direitos sociais essenciais ao trabalho
exercido com a dignidade própria da pessoa.
Exigir apenas a
adaptabilidade aos trabalhadores é assumir apenas a visão empresarial do
problema.Ora, esta visão tende a impôr-se como única, penetrando inclusive em
alguns meios afectos a organizações de trabalhadores e universidades.
Se o trabalhador
moderno deve ser flexível também a empresa moderna deve ter responsabilidade
social e ambiental, cumprindo a legislação laboral e aplicando os direitos
laborais, nomeadamente os direitos à organização e actividade sindical.A adaptabilidade
exigível ao trabalhador decorrente de novas formas de produção, comunicação e
informação deve ter contrapartidas ao nível da participação nas decisões, na
redução do tempo de trabalho e na partilha da riqueza produzida pela empresa.
Porém, nunca as
exigências de maior adaptabilidade podem colidir com o direito à segurança e
saúde no trabalho, ao repouso e à conciliação entre a vida profissional e
familiar.Um trabalhador flexível não é«pau para toda a colher».É um trabalhador
que tem direitos e dignidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário