O mês de
novembro foi negro para as forças de segurança portuguesas com destaque para a
PS e GNR no que respeita ao número de suicídios! Foram sete neste mês e 15 em
todo o ano! Parece que o sentimento mais comum dos que se matam é a revolta! O ex-ministro de administração interna criou mais um grupo de trabalho para atenuar
o problema.
Os
Sindicatos do setor chamam atenção para as condições de higiene, segurança e
saúde do trabalho dos agentes. É aqui que se deve bater de forma objetiva e
clara. A Função Pública e nomeadamente as Forças de Segurança não têm
implementados os serviços de segurança e saúde no trabalho com exceção de
algumas entidades. A inspeção do trabalho, no caso a ACT, não tem poderes de
fiscalização nos serviços do Estado e, muito menos, nas Forças de Segurança! As
queixas e problemas serão enviados para os organismos de fiscalização internos!
Claro que esta questão é fulcral! Então nas Forças de Segurança é uma questão
chave, dado que os agentes que estão com problemas de saúde terão que se
queixar aos respetivos superiores ou ao médico de clínica geral ou ao psicólogo
da instituição. A cultura destas Forças é uma cultura «durona», de virilidade
de aguentar até aos limites. Quem se queixar de stresse, de ansiedade de
depressão é um fraco, não serve para agente.
O stresse ataca também os mais fortes!
Esquecem-se
que o stresse e as doenças psicológicas podem afetar os mais fortes e durões!
Não existe a cultura da prevenção dos riscos da profissão. Prevenir não é uma
questão de fraqueza, é uma questão de sabedoria porque os agentes são pessoas
com problemas financeiros, emocionais, familiares, etc.
Nunca
como hoje os agentes das Forças de Segurança tiveram tantos problemas de
stresse profissional! Nunca como hoje sentiram que a sua instituição é
madrasta, que lhes exige turnos, trabalho noturno, missões perigosas de
vigilância e lhes rateia os meios necessários ao cumprimento das missões! A
falta de meios para cumprir os objetivos é um dos fatores mais poderosos de
stresse laboral!
As
instituições PSP e GNR sempre tiveram um grande espírito corporativo, de
coesão. Construíram serviços sociais, campos de férias, cooperativas de
consumo, iniciativas de natal, etc. etc…Os últimos governos, submetidos aos
ditames financeiros, foram cortando em toda a Função Pública, inclusive nestas
corporações, retirando-lhes conquistas de muitas décadas. Conquistas sociais
que ajudavam o agente e a sua família a viverem com orgulho a sua profissão e a
conseguirem um certo bem -estar.
Os
agentes viram nas últimas décadas a degradação da sua corporação do seu
estatuto e da sua vida em geral. Estas são as causas fundamentais dos suicídios
na PSP e na GNR e até nos guardas prisionais.
O Ministério de Administração Interna faça algo com
seriedade. O grupo de trabalho que aborde esta situação com verdade, retire
todas as conclusões e apresente medidas que não sejam meros paliativos! O assunto
deve ir posteriormente à Assembleia da República porque há medidas que, sendo de promoção da segurança e saúde no trabalho, também são políticas.
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