Nos últimos dias têm sido noticiadas iniciativas de juristas e académicos com manifestos e tomadas de posição sobre as alterações laborais e os atentados aos direitos sociais de quem trabalha. Surgiram apelos para que o Presidente da República vete essas propostas legislativas que vão alterar a nossa legislação laboral, reforçando escandalosamente o poder patronal, diminuindo drásticamente os custos do trabalho e golpeando a contratação coletiva e as organizações dos trabalhadores! A luta hoje neste contexto é, efetivamente, uma luta pela dignidade no trabalho!
É importante que se proteste e se denuncie esta manobra que vai reforçar o despedimento de muitos e a exploração intensiva de quem ficar no trabalho. No setor público aplicam-se idênticas medidas! É uma política coerente da direita que não pretende um crescimento económico que beneficie a maioria, mas antes uma acumulação da riqueza em alguns e o empobrecimento generalizado.
Perante esta situação fico perplexo com as teorias de alguns dirigentes de partidos de esquerda quando dizem mais ou menos isto: não será fácil a unidade das esquerdas. Acrescentam alguns, inclusive, que tal objetivo não é muito importante pois cada partido já tem o seu programa! Logo, os leitores que votem! Que direi? São surdos? Não estão a ver a realidade? Ou não sentem verdadeiramente a crise na pele? Não beneficiam eles, mesmo na oposição, de um bom estatuto na vida?
Alguém que não tenha esse estatuto de «político» e esteja no desemprego ou tenha o emprego ameaçado pode estar tranquilo? Não terá a maioria do povo português que estar ofendida com esta gente que vive á sombra da Assembleia da República ou de uma autarquia, ou de um cargo do Estado ou do partido? Gente que não está nada preocupada em encontrar alternativas com outros, porque já tem o seu partido, o seu programa, o seu objetivo estratégico. Ou não têm?
Não será absolutamente urgente, imperativo até, preparar uma plataforma política capaz de nas eleições varrer esta direita incompetente que tem como objetivo varrer a nossa Constituição e tudo o que ela significa em termos de modelo de sociedade? De um trabalho com direitos e deveres nas empresas pretende-se a que apenas as empresas tenham direitos! O trabalhador será um mero recurso e como tal deve ser o mais barato possível! Esta contra- revolução em curso não exige uma resposta adequada tendo como base programática a nossa constituição? Ou mesmo na esquerda já temos gente que há muito não está com a nossa Constituição?
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