terça-feira, 24 de abril de 2012

RASGAR O ACORDO?

Das notícias vindas a público acerca da reunião da UGT com Passos Coelho sobre o Acordo social podemos retirar algumas conclusões curiosas. A primeira é que aparentemente o primeiro- ministro veio corrigir a trajetória dos seus ministros, em particular o Ministro da Economia, sobre o Acordo assinado e sobre o valor do diálogo social.



Ou seja os membros do governo atual não valorizam da mesma maneira o papel dos sindicatos na sociedade e o valor da concertação social. Uns, consideram que o mais importante é falar com os empresários e fazer-lhes a vontade no essencial; outros consideram que, no contexto atual, é importante atrelar pelo menos uma organização sindical para «estrangeiro ver»! Poucos ou nenhuns membros deste governo devem considerar efetivamente importante a concertação social e o papel dos sindicatos. O governo de Passos Coelho vive assim dividido quanto a esta matéria que tem a ver com a coesão social e com a democracia tal como foi gizada na nossa Constituição. Ele próprio, primeiro -ministro, não deve ser um fã da concertação social! Está no ADN deste governo a displicência liberal, o enfoque ideológico de que as empresas são os empresários e o capital. Tudo o resto são fatores de produção. Este enfoque irrealista pode ser fatal porque poderá tardar o arranque da economia, a melhoria da produtividade e a redução do desemprego.

Será que a cordata posição da UGT vai ajudar o governo de Passos a olhar para estas questões de outra maneira? Ou será necessário de vez em quando as chamadas de atenção exteriores para o governo ter cuidado com esta matéria? A posição da UGT, de lembrar o acordo, pode ser incómoda para uma parte do governo que, de forma irresponsável gostaria de não andar com os sindicatos ao colo! Para eles seria mais fácil governar apenas através de decreto sem as intermináveis reuniões com patrões e sindicatos! Aliás, tem sido frequente esta atitude. Assinam um acordo e, passados uns dias, decidem unilateralmente! Imaturos e convencidos, muitos deles, ainda acreditam que as sociedades se governam por decreto! Que mal fizeram os trabalhadores portugueses para terem que aturar gente desta na governação?

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