segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

VOLUNTARIADO ,CRISE E DESEMPREGO!


Neste fim de semana as televisões, para além da crise e do futebol, falaram muito do voluntariado.Alguns jornais davam como certo que mais de 15 mil pessoas se tinham oferecido para acções de voluntariado e que cerca de 800 instituições sociais desejavam esses voluntários!

No século passado o voluntariado estava quase circunscrito á Igreja Católica e a algumas tias que não tinham que fazer! Falar em voluntariado era algo anacrónico e as classes altas e burguesas fugiam a sete pés de tal actividade!

Hoje, porém, tornou-se moda fazer voluntariado social e ambiental.Algum voluntariado aparece patrocinado por multinacionais e pela banca e as classes ricas, nomeadamente altos quadros de grandes empresas ,dedicam-se com inestimável afinco a acções de voluntariado dirigido aos «mais carenciados», aos sem abrigo, crianças, deficientes, enfim a todo um caudal humano que cresce a olhos vistos com a crise provocada pela finança!

Para além de ser moda (chic) o voluntariado é uma terapia e previne as depressões ou pelo menos pode minorá-las, com origem particularmente nas condições em que é exercido o trabalho, a profissão. Muitas das frustrações que as classes médias enfrentam podem ser minoradas com esta busca de reconhecimento e satisfação no voluntariado!

Muito deste voluntariado faz aquilo que deveria ser feito por outros, nomeadamente por pessoas que não têm emprego e pelos actores dos processos.O voluntariado acrítico serve perfeitamente o sistema e aumenta a crise.É necessário aprofundar esta onda de voluntariado e ter em atenção os seus objectivos.

O voluntariado deve intervir de forma crítica visando fundamentalmente humanizar. Mesmo atacando situações de emergência, deve proporcionar as saídas da pobreza e da opressão e não substituir possíveis empregos ou lavar a cara de empresas que frequentemente adoptaram técnicas de gestão arrasadoras dos empregados!
Mais ainda, existem acções de voluntariado em empresas que visam a manipulação dos seus trabalhadores e a criação de um falso clima de coesão, erradicando assim qualquer clima de reivindicação e de autonomia!

Estas estratégias levadas a cabo por gestores experientes são absorvidas com muita facilidade pelos jovens trabalhadores que têm frequentemente uma visão ingénua das relações de trabalho!

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