segunda-feira, 12 de novembro de 2018

MOVIMENTO GREVISTA , CONDIÇÕES DE TRABALHO E O FUTURO


No último ano desta legislatura, em particular no período de elaboração e debate do OE 2019 assiste-se a um animado surto grevista .Se, por um lado, uma parte da população entende este movimento reivindicativo, dados os sacrífícios e estagnação salarial e de carreiras, de desvalorização do trabalho sem precedentes,por outro, e em especial no sector público, temos que ser inteligentes e criteriosos nas reivindicações permitindo que o Estado consiga paulatinamente ir absorvendo as justas reivindicações dos sectores profissionais de modo a compatibilizarmos o necessário investimento público com a dignificação dos trabalhadores.
Este movimento grevista mostra, no entanto, que, ao contrário do que afirmava no passado a direita ressentida, os sindicatos portugueses, quer da área CGTP ,independentes ou UGT, mostram uma larga margem de autonomia política face aos partidos do governo ou da oposição.É compreensível que no início deste governo do Partido Socialista, sustentado por acordos com PCP,BE , Verdes e PAN, os trabalhadores e suas organizações fizessem uma pausa nas suas reivindicações,pois era um tempo de alguma espectativa e de assimilação da nova situação política inédita em Portugal que lhes poderia ser favorável.
Curiosamente foi a UGT quem mais dificuldade teve em definir uma estratégia coerente face à nova situação que, de algum modo, deu mais força ao Parlamento e à sua concorrente CGTP.Notou-se nos debates sobre o salário mínimo,no acordo de concertação recente bem como nos diplomas sobre legislação laboral.
No entanto, no capítulo da legislação laboral, e apesar do governo ter integrado algumas reivindicações dos outros partidos da esquerda, não foram revertidas matérias essenciais aprovadas pelo anterior governo de Passos Coelho.Esta realidade, que parece não ter enfadado substancialmente a UGT, indicia que os estrategas do governo concordaram com uma parte das medidas laborais de Passos Coelho que vieram beneficiar claramente as empresas e retirar rendimentos aos trabalhadores como são o caso bda caducidade das convenções colectivas, das indemnizações por despedimento, o valor do trabalho suplementar e nocturno e os dias de férias.
Nos meios internacionais e nos mercados estas medidas foram consideradas positivas e estruturais para darem competitividade à economia portuguesa.A direita e os sectores neo liberais consideram que foram estas medidas que rebusteceram a economia portuguesa.O actual governo no fundo também concordará em parte com esta versão,acentuando, no entanto, o papel da devolução dos rendimentos.
Para o futuro as pessoas entendem que é importante a liberdade de ação e autonomia do Movimento Sindical seja qual for a solução governativa do futuro.É óbvio porém que não basta retirar a direita do poder político.É necessário um compromisso mais substancial para dignificar os serviços públicos e os seus trabalhadores, a educação e a investigação e , objectivo fundamental, a valorização salarial, a democracia e as condições de vida e trabalho dos trabalhadores portugueses.

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