Recentemente a Liga Operária Católica/MTC defendeu a redução da jornada de trabalho para as seis horas
tendo como argumentos , entre outros, a necessidade de se distribuir o trabalho por todos e colocar o trabalho ao serviço do homem e não o contrário!
Antes de mais há que saudar a coragem daquela 0rganização ao reivindicar este objetivo que vem na linha da tradição cristã de ter tempo para a vida social e religiosa, no fundo, dentro da linha evangélica de que o «sábado está para o homem e não este para o sábado».
Mas, esta reivindicação tem pernas para andar?Tem.Tem condições políticas e ideológicas?Difícil!
Com efeito esta reivindicação tem estado a ser debatida em alguns círculos e até aplicada a nível experimental em algumas empresas de alguns países, segundo li.
Com efeito, os avanços tecnológicos e a educação dos trabalhadores das últimas décadas permitiram um aumento extraordinário da produtividade por trabalhador.Hoje cada um de nós cria muita mais riqueza do que os nossos pais.No passado pensou-se que os avanços tecnológicos iriam permitir mais tempo livre a todos os trabalhadores e aumentos gerais do rendimento dos mesmos.Não aconteceu tal coisa devido à dinâmica da globalização capitalista que gerou novos equilíbrios e desigualdades entre países e uma aguerrida competição entre blocos económicos e empresas, proporcionando uma forte concentração da riqueza e poder em poucas mãos, uma pauperização das classes trabalhadoras a ocidente e uma ascensão de parte das classes trabalhadoras a oriente.
Assim ,hoje temos mais riqueza no mundo como nunca tivemos e torna-se possível trabalhar menos e com mais qualidade.Se todos trabalharmos, ou quase todos,mais riqueza se produz para distribuir equitativamente.Podemos trabalhar menos com a participação de todos tendo mais qualidade de vida!
Tal significa, e que fique bem claro, que a reivindicação de trabalhar as seis horas não implica redução de salário!
Será que temos atualmente condições sociais e culturais para se avançar com esta reivindicação na prática?Ainda não!Há um longo trabalho político e ideológico a fazer!A L0C/MTC já começou e bem!
Um caminho de esclarecimento junto dos próprios trabalhadores e população em geral que pensa ainda que o tempo de trabalho é a principal chave da produtividade!Para além da oposição patronal existe ainda uma ideologia «trabalhista» popular, em particular a norte do País, que põe o ênfase no trabalhar muito tempo como sinónimo de trabalhar a sério!
0 primeiro passo ou etapa será a redução das oito horas para as sete nos setores onde ainda se trabalha as 40 ou mais horas por semana!Entretanto prepara-se o terreno para a seis horas nos serviços públicos e da Administração central e local.É possível trabalhar melhor, em menos tempo e servindo devidamente os cidadãos, desde que se combatam as ideias irracionais de que reduzir o pessoal é bom e que a segurança social pague os subsídios de desemprego de milhares de trabalhadores excluídos de darem os seu contributo.Vamos então ás seis horas de trabalho sem redução salarial!
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