sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

HOJE JÁ TEMOS MAIS ESTUDOS SOBRE O 18 DE JANEIRO!

« 0 18 de janeiro de 1934 é uma data mítica no movimento operário português a ponto de só recentemente
se ter começado a fazer sobre ele alguma luz inquiridora e desapaixonada.Para esse dia, após vários adiamentos, o precário Comité de Unidade formado pela Confederação Geral do Trabalho -CGT anarco-sindicalista, pela Confederação Inter-Sindical-CIS de predomínio comunista e pela Federação das Associações 0perárias-FA0 de maioria socialista, convocaram uma jornada nacional de greve geral e de luta insurrecional contra a facisazação dos sindicatos imposta pelo Estatuto do Trabalho Nacional e pelo decreto 23 050 no âmbito da estruturação então em curso do Estado Novo corporativista.
 0 movimento foi muito mal preparado e alvo de um hábil movimento de repressão e contenção preventiva.Nesse dia a palavra de ordem de greve foi seguida generalizadamente apenas em algumas localidades com destaque para Almada, Barreiro, Sines e Silves.Pela madrugada, na zona oriental de Lisboa houve movimentações inconsequentes de operários armados e alguns atos de sabotagem.Uma bomba provocou o descarrilamento de um comboio de mercadorias em Póvoa de Santa Iria, interrompendo a circulação ferroviária da linha Oeste.Em Coimbra, o rebentamento de duas bombas na central elétrica deixou a cidade sem energia durante várias horas.Houve cortes em linhas telefónicas e telegráficas na margem sul do Tejo, Sintra e na zona de Leiria.Na Marinha Grande, como é mais conhecido, largas dezenas de operários armados tomaram posse da vila durante algumas horas na madrugada, conquistando a estação dos correios, o posto local da GNR e reabrindo o sindicato vidreiro.
Politica e socialmente a jornada saldou-se por um indiscutível fracasso para as forças do sindicalismo autónomo.Se é certo que estas podem reivindicar ter travado, em condições difíceis, uma batalha pela honra que lhes foi imposta e que não poderiam nunca recusar, também é difícil escapar à conclusão de que o movimento adquiriu apenas o vulto e o tipo de expressão que mais conveio ao governo fascista para justificar a tremenda onda repressiva que se lhe seguiu, a qual mergulharia o movimento operário na treva e na clandestinidade durante décadas...Ângelo Novo in «Greves e conflitos sociais em Portugal no século XX»Ed. Colibri,2012.

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