quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

SINDICALISMO EUROPEU NA ENCRUZILHADA (III)

Mas tem o sindicalismo europeu capacidade para sair das encruzilhadas do presente, algumas das quais abordadas nas crónicas anteriores? Poderá a Confederação Europeia de Sindicatos (CES) contribuir para superar favoravelmente esta situação de degradação social e política na UE e no mundo? Poderá passar á ofensiva contra este “novo capitalismo” que tem a precariedade, a globalização e o “pensamento único” como elementos essenciais?

O quadro não é, de facto, risonho! Pelo contrário! Todavia, não se pode continuar a trabalhar como se o capitalismo europeu e mundial não tivesse mudado nas últimas décadas e não fosse necessário gizar um outro caminho.
Tem a CES condições internas para uma outra estratégia de mobilização dos trabalhadores e de confronto com a as políticas neoliberais da maioria dos governos, comissão europeia e patronato?
A resposta é, ainda não! É necessário um maior distanciamento político e ideológico(ruptura) relativamente ao pensamento da Comissão. Antes de mais nada é preciso deslegitimar de forma mais clara o pensamento único que advoga a desregulação e a flexibilidade como novo paradigma das relações laborais na UE e no mundo. Não é verdade que a flexibilidade e desregulação criem mais emprego....criam sim, mais emprego sem direitos!

Alguns documentos da CES quase parecem escritos pelos escribas comunitários! Existe uma espécie de retórica comunitária que é partilhada pelas instituições e por muitos sindicalistas!
Os sindicalistas mais combativos da CES não conseguiram até agora virar a situação. Também não conseguiram mudar a orientação da confederação que continua numa de negociação a todo o custo, evidenciando assim a sua debilidade! A negociação em determinados momentos não é mais do que submissão! Só como interlocutores fortes se pode negociar, caso contrário a negociação é sempre a dominação de um dos “parceiros” negociadores! Ora, o diálogo europeu, no actual contexto, está claramente inquinado!

São os montantes das subvenções comunitárias um entrave, um ópio? A Confederação e as centrais nacionais já não podem sustentar a burocracia sindical sem esses milhões de euros? É tempo de se reflectir sobre esta magna questão! Sindicalismo preso pelo bolso não é sindicalismo! A Comissão não abrirá mais os cordões à bolsa pelo facto do “bom comportamento” da CES.

Claro que a CES tem ainda outras vulnerabilidades. Diferentes concepções sindicais, diferentes países com diferentes histórias! Mas também aqui está uma parte do seu potencial! Neste momento mobiliza quase cem por cento do sindicalismo europeu e tem representantes nas mais importantes multinacionais.

Todavia , cada central sindical tem que ultrapassar nacionalismos serôdios, sem sentido num mudo globalizado. Uma nova dinâmica de internacionalização sindical e de alianças é essencial nos dias de hoje, perante as características do “novo” capitalismo, como veremos na próxima crónica.

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