domingo, 20 de dezembro de 2009

SINDICALISMO EUROPEU NA ENCRUZILHADA (II)

Qual a grande encruzilhada afinal do sindicalismo Europeu? Poderíamos falar de várias encruzilhadas.Saliento aquela que me parece a mais dramática:o modelo social europeu construído após a segunda guerra mundial está a ser progressivamente destruído e o movimento sindical não tem as armas necessárias para se opor a tal desígnio ou, pelo menos, construir um outro modelo globalmente favorável aos trabalhadores e à cidadania económica e social.
A crise financeira e social que, entretanto, estamos a viver,embora exigindo uma maior intervenção dos estados poderá favorecer a curto e médio prazo a dinâmica neo-liberal de destruição do Estado social, reforçando a flexibilização das relações laborais a redução do investimento público e a desprotecção social!

O Movimento sindical europeu procura a salvação, ou seja,travar a regressão social através do "diálogo social" procurando convencer a Comissão europeia e o grande patronato europeu da bondade das suas teses, ou seja, que a Europa será mais competitiva se preservar o seu modelo social com mais emprego estável e com direitos sociais.

Porém, está cada vez mais claro que hoje a Comissão,os governantes e o patronato não estão interessados nesta tese que os obrigava a uma maior repartição da riqueza e dos custos da globalização.
Estão mais convencidos da tese contrária.O desemprego e a precariedade geridos no limite permitem baixos salários e uma sobreexploração do trabalho dos assalariados.Os ritmos do trabalho são cada vez mais intensos, os níveis de segurança e saúde estão a diminuir em vários sectores.O stress e a ansiedade provocados pelos ritmos de trabalho e pelo assédio psicológico estão a provocar doenças e a conduzir ao suícidio dos que não se adaptam a esta ordem capitalista(France Telecom).
Por outro lado, e apesar da crise são várias as empresas, nomeadamente financeiras, que voltaram aos lucros e ao salários escandalosos de gestores e dividendos aos accionistas.

Perante esta situação o sindicalismo europeu(CES) tem a liberdade de falar e de fazer uma ou outra euromanif de carácter folclórico em cada ano.É pouco para quem tem no seu passado tempos gloriosos, conquistas essenciais para a dignidade do ser humano e em particular dos operários das indústrias.
Perante a situação que se vive e a erosão da dimensaõ social da Europa exige-se mais do sindicalismo europeu.Está na hora de se ultrapassarem divisões e mobilizar os trabalhadores e desempregados de todos os países à volta de questões que nos afectam como é o desemprego para uns e a ameação do mesmo para outros, horários e ritmos de trabalho que permitam criar emprego e preservar a saúde mental e física e a vida faliliar e social.

Não poderemos aceitar que a europa assente a sua competitividade no desemprego crescente na precariedade do trabalho e da vida dos jovens, nos horários á moda antiga, no endeuzamento da empresa e na destruição da nossa saúde.
O que estamos a enfrentar é um retrocesso civilizacional!Merece uma ofensiva coordenada a nível europeu.Uma luta que não poderá ser apenas dos sindicatos mas de outras organizações e movimentos políticos.
Quererá e poderá a CES ser a protagonista deste combate social e político? Tem condições para o fazer?Ficará para outra crónica, claro.

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