João Proença, Secretário - Geral da UGT em entrevista ao «Negócios» de hoje afirma que o Acordo assinado a 18 de janeiro de 2012 com o governo e os patrões foi positivo para os trabalhadores portugueses! É admirável a crença de João Proença no dito Acordo que ameaça rasgar há vários meses! E porquê?
Por cortarem nos salários e nos subsídios de férias e Natal? Por aumentarem de forma imoral o IRS de quem trabalha e serem benévolos para os bancos e acionistas? Por diminuírem drasticamente as compensações por despedimento e por porem os trabalhadores a pagar o seu próprio despedimento? Por darem a possibilidade de se aumentar o horário de trabalho e o despedimento?
Afinal em que aspetos o dito Acordo foi positivo quando o desemprego penaliza fortemente os trabalhadores? Ah! Já sei o que me diria Joao Proença. Diria que se não fosse o Acordo ainda estaríamos pior! Os trabalhadores teriam perdido todo o salário e teriam que pagar para trabalhar! Visto dessa maneira concordo!
Esta posição de Proença é muito semelhante á de alguns militantes da CGTP. Têm uma crença também muito própria. É a crença na luta como um objetivo. Podemos estar a morrer de fome mas se lutarmos sempre morreremos a lutar. Uns querem morrer a negociar e outros querem morrer a lutar! Duas faces da mesma moeda. Seria bom perguntar cada vez mais qual é a posição dos trabalhadores e não apenas dos respetivos dirigentes. Os dirigentes sindicais não são vanguarda dos trabalhadores mas apenas seus representantes.
O futuro vai ser extremamente duro com os dirigentes sindicais se não se instituírem novos mecanismos de auscultação e debate com os trabalhadores. O fosso entre representantes e representados não se alarga apenas no domínio político. O fosso também se está cavando na área sindical. Teremos que inverter a situação! Não é fácil! Voltaremos a este assunto!
1 comentário:
Carlos Trindade disse:
«Esta é a opinião do João Proença – a minha é totalmente contrária! Mas não falamos somente de opiniões – cada um pode ter a sua, como aquela do copo, se está meio cheio ou meio vazio. Não – neste caso é a vida que nos demonstra, ao fim de um ano, que todo o projecto do governo da Direita e da sua politica de direita de interpretar e maximizar ao limite os termos já de si negativos do memorando da troika! Efectivamente, esta política governamental (e o Acordo que a sustentou) não solucionou nenhum dos graves problemas então existentes como, pelo contrário, antes os agravou, como vários indicadores o indicam: o desemprego aumentou e contínua a aumentar; com as falências de empresas sucede o mesmo; a divida publica atinge quase 120% do PIB; o deficit não atinge os limites do estabelecido. Estes quatro indicadores – que representam factos indesmentíveis - permitem questionar: para que serviu então o Acordo de 2012? Conhecemos a opinião do João – sem ele, estaríamos pior! Eu discordo, repito, e afirmo que, sem ele, certamente a mobilização popular e sindical seria superior à que tem sido e o governo teria concerteza enfrentado ainda mais combate social e sindical e, consequentemente, estaria socialmente ainda mais isolado, o que significa que teria menos possibilidade de continuar a praticar maldades anti sociais, como a da actual tentativa de redução de quatro mil milhões no Estado Social! Por isto, discordo desta sua opinião acerca da avaliação do Acordo de 2012!»
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