segunda-feira, 8 de março de 2010

FUNÇÃO PÚBLICA-Uma greve oportuna?

No passado dia 4 deste mês realizou-se uma greve geral no Estado envolvendo os grandes sindicatos do sector. Como sempre acontece alguns sectores aderiram mais do que outros á greve colocando na realidade o País em marcha lenta durante um dia

Tive ocasião de acompanhar as diferentes notícias e comentários à greve, com destaque para as figuras do Governo e dos sindicatos, e ouvir diversos programas onde era debatida a paralização.
Uma parte substancial dos comentadores e cronistas iniciavam os seus dizeres desta maneira “ embora a greve seja um direito....o que se coloca em cima da mesa é a oportunidade da mesma”. Esta ideia, aparentemente democrática, encerra anos de pensamento ditatorial e esconde os verdadeiros interesses de quem assim fala! Demonstra também uma falta de cultura cívica e política preocupante!


Será que uma greve alguma vez é oportuna? Responderei que é sempre oportuna para quem a marca e muito pouco oportuna para quem sofre as suas consequências! Assim os tais cronistas e comentadores revelam no fundo que não concordam com a greve como é obvio! Uma greve para ser eficaz deve ter consequências, caso contrário andamos a fazer brincadeiras!
O que deveriam dizer é que as greves devem ser prevenidas através de negociações sérias e não de imposições, havendo ganhos e perdas de parte a parte! O Estado português faz efectivamente uma caricatura de negociações e não uma verdadeira negociação.
Não sendo possível chegar a acordos os sindicatos estão no seu direito de marcar uma greve (sempre oportuna, já que a marcam) ou outra forma de acção e o governo de decidir com a legitimidade eleitoral que detém.


Outros comentadores dizem também com ar de grandes sábios que “a greve serve apenas para agitar e criar condições políticas de desgaste do Governo”. Ora aqui temos outra verdade. Um surto grevista é frequentemente um movimento que debilita um governo. Mas nem sempre! Depende de muitos factores , nomeadamente se a população em geral está do lado dos grevistas.

Finalmente é bom que se diga que o combate ao défice e a política económica estabelecida pelo PEC (Pacto de estabilidade e Convergência) não impôs qualquer situação de estado de sítio, suspendendo as liberdades e garantias! Pelo contrário, a conflitualidade vai aumentar apesar do desemprego! É legítimo que um largo sector do povo português, os trabalhadores do Estado, lutem por uma vida melhor. As suas organizações têm o dever e obrigação de lutarem e de não baixarem os braços!

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