quarta-feira, 5 de novembro de 2025

A GREVE GERAL EXIGE PREPARAÇÃO E CONVERGÊNCIA SINDICAL!

 

Escrevo numa altura em que já se ouve falar aqui e ali de greve geral como forma de combater a proposta do governo sobre alterações ao Código do trabalho. Devo dizer que, embora não acredite em grandes cedências da parte do governo nas negociações em curso, se deve dar tempo ao tempo,


esclarecendo, informando e mobilizando e procurando convergências sindicais e políticas absolutamente necessárias para fazer recuar o governo e a Ministra do Trabalho.

 Que os ativistas e dirigentes sindicais da CGTP já estão preparados não tenho dúvidas! Que muitos querem decretar uma greve geral já, também não tenho dúvidas. Mas atenção, uma greve geral precipitada e unilateral pode ser um tiro pesado nos pés, mancando o Movimento sindical por muito tempo.

A urgente necessidade de convergência sindical

Sindicatos da UGT e da CGTP e associações sociais como a BASE-FUT, têm alertado para a urgente necessidade de uma ação convergente sindical entre as duas Centrais Sindicais e sindicatos independentes organizando uma forte mobilização dos trabalhadores de todos os setores com informação útil, esclarecimento e debate. Exige gestos públicos concretos, mesmo que simbólicos, de convergência e não apenas contactos ligeiros. Há que mostrar ao poder e aos trabalhadores que somos capazes de nos unir para lutar contra esta estratégia patronal de nos derrotar e até humilhar!

 É importante que os sindicalistas da UGT afetos ao PSD e ao CDS se tornem mais críticos e vejam os riscos das propostas do governo. A proposta pode ser melhorada, mas não pode ser apenas uma operação de cosmética! A proposta é necessária? O que se pretende atingir com a mesma? Não há pontos mais urgentes a tratar hoje nas relações laborais do que estes escolhidos pelo Ministério do Trabalho? Quais os inaceitáveis e quais os que são de melhorar?

 É importante que os sindicalistas independentes e que militam em organizações católicas ligadas ao mundo do trabalho vejam quanto algumas propostas afetam o trabalho digno, nomeadamente ao nível da conciliação da vida profissional e familiar, descanso, precariedade laboral continuada, restrições ao nível do importante direito à greve e à negociação coletiva.

Aliás, lamento que a Igreja Católica se mantenha impávida e serena perante estas alterações à lei do trabalho que mexe com a vida de milhões de portugueses, tornando-lhes a vida mais complicada em nome da competitividade das empresas e dos lucros. Desçam à terra, tomem posição concreta no quadro da Doutrina Social da Igreja.

Greve Geral exige preparação

A Greve Geral a ter lugar, exige um caminho de preparação e mobilização dos diferentes setores profissionais e sociais, diversas negociações entre os diferentes atores que, mantendo a sua autonomia, procuram pontos convergentes perante um perigo significativo para as condições de vida e de trabalho!

Decretar uma tão importante forma de luta antes do tempo e de forma unilateral é mandar a mensagem a todos os outros que eu avanço na caminhada e, se querem caminhar venham comigo no meu tempo e no meu ritmo, porque eu não espero por ninguém! Seria desastroso para a luta dos trabalhadores e para a melhoria das suas condições de vida e de trabalho!

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