Quem teve a sorte de viver ativamente os quase quarenta anos de democracia pode ver que a direita portuguesa se foi refazendo da Revolução de Abril e alcançando os seus objetivos estratégicos, ou seja, reconstruir o seu poder/hegemonia, a sua lei, ou seja a lei da desigualdade e do mais forte e de uma democracia sem conteúdos económicos e sociais.
Este governo, representante de uma direita extremista e autoritária, procura avançar para mais uma etapa dos seus objetivos estratégicos aproveitando a crise do sistema e as imposições dos credores através da Troika. Vejamos um pouco o percurso desta direita que esteve aparentemente KO em 1975.O primeiro ataque, sob a capa da luta por uma democracia civil liquidou, com apoio do centro esquerda, o MFA, principal protagonista do 25 de Abril! De seguida o segundo objetivo foi o Conselho da Revolução, também em nome de uma democracia sem tutores! Com a revisão da Constituição aquele órgão desapareceu. Agora o ataque é ao Tribunal Constitucional, também olhado como um bloqueio aos intentos dessa direita. De seguida, aliás já está em curso, vem o ataque á Constituição. Caso não consigam os dois terços necessários para uma revisão irão propor um referendo à mesma. Como têm um forte controlo dos ogãos de comunicação social e dos respetivos comentadores políticos e económicos não será difícil atingir esse objetivo.
Existe aqui sem dúvida uma coerência estratégica que visa a transformação do Portugal democrático com direitos sociais e económicos num Portugal tutelado, esvaziado de dimensão social e com escravos a trabalharem por favor e sobre as ordens de capatazes prepotentes, tanto no privado como no público! Um Portugal que, sob forte desigualdade social, enriquece um grupo restrito que acumula capital e o exporta, mantendo o resto na pobreza ou na emigração! Perante esta estratégia da direita qual tem sido a ação da esquerda partidária? Infeliz!
Cedo deu garantias de que nunca se uniria porque não quer e não sabe partilhar o poder! As esquerdas nunca conseguiram gizar um plano contra ofensivo, mesmo agora que a direita pretende dar o golpe mais arrojado! Uma parte da esquerda prepara-se para substituir a direita e a outra parte mantem-se ao longo dos tempos no protesto, esperando por eleições que nunca lhe dão o poder da governação. A estratégia da derrota contínua!
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