quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

QUE PERSPECTIVAS PARA A SEGURANÇA E SAÚDE DOS TRABALHADORES NA UE


Recentemente li as orientações do Conselho de Ministros do Trabalho da UE de 10 dezembro
passado relativas à implementação de uma nova Estratégia 2020-2027 para promoção da segurança e saúde no trabalho.
Mais uma vez fiquei desapontado não própriamente com o diagnóstico da situação mas com as medidas ou directivas avançadas no documento final.Este mostra que os ministros e respectivos assessres estão dentro dos problemas mais prementes nesta matéria.Aliás, várias instituições europeias estão fartas de fazer excelentes estudos e diagnósticos ,com destaque para a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, a Fundação Dublin , o Parlamento Europeu e o Comité Europeu de Higiene e Segurança no Trabalho.
Assim sobre o cancro profissional que actualmente está na origem de mais de 100 mil mortes por ano na Europa os ministros da UE pouco adiantam para além das receitas do costume, ou seja,mais investigação, informação e sensibilização e ,se necessário,uma eventual revisão dos valores limite de exposição.
Sobre as doenças músculo-esqueléticas que afectam mais de 60% dos trabalhadores europeus, a primeira doença profisisional no espaço europeu o Conselho de Ministros propõe mais sensibilização, mais informação e programas voluntários de prevenção.Uma proposta de directiva, reivindicada pelo Movimento Sindical há décadas parece ficar mais uma vez na gaveta nos próximos sete anos.
Sobre os riscos psicossociais, nomeadamente sobre o stresse que afecta mais de 25% dos trabalhadores europeus, o assédio moral e sexual ,que estima-se afecte três ou quatro em cada 10 trabalhadores, sem esquecer o bournout (esgotamento) que afecta perigosamente os profissionais da saúde e do ensino, entre outros, os ministros proõem mais estudos, sensibilização e boas práticas..
Então perante tantos estudos não seria oportuno iniciar o debate para uma proposta de directiva europeia específica que obrigasse as empresas a cuidarem de modo mais profissional a prevenção dos riscos psicossociais?
Em resumo vemos no horizonte a continuação de uma política europeia da inércia para a segurança e saúde dos trabalhadores.A nova Comissão irá inverter este rumo?Duvido.Os dois recentes executivos comunitários,Barroso e Junker,andaram a marcar passo nesta tão importante matéria.O Pilar dos Direitos Sociais pouco adiantou nesta matéria.
Se não existir uma forte pressão dos sindicatos europeus e dos partidos no Parlamento Europeu corremos o risco da Estratégia 2020-2027 não passar de mais um documento de boas intenções e voluntarista com uma estratégia de fundo oculta que é a de evitar custos para as empresas, sacrificando a segurança e a saúde dos trabalhadores europeus.É tempo de actuar agora.A vida e a integridade física e psiquica dos trabalhadores são valores fundamentais e não se devem submeter à competitividade sem limites, à exploração e regressão social.

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