Recentemente a comunicação social revelou o
mal estar de Carlos Silva, Secretário Geral da UGT,com os governos do Partido
Socialista e, de certo modo, com o próprio sindicalismo.Tendo porventura razão,
não gostei da forma como manifestou esse
desconforto que o leva a não se recandidatar a novo mandato em 2021.
Aponta como principal razão do seu desconforto
e não continuidade a falta de apoio do
Partido Socialista.Sei que certamente chegou a um ponto de saturação e
certamente zangado com a forma como os governos têm lidado com os sindicatos e
em especial com a UGT.Todavia um sindicalista não deve dizer que vai deixar um
cargo sindical porque o seu partido não o apoia.Claramente é dar razão a quem
afirma que efectivamente os sindicatos
são, na maioria dos casos, comandados por partidos.Um sindicalista se
estiver convicto luta, mesmo que seja contra o seu partido.Não é fácil,não
quero dar lições a ninguém e Carlos Silva terá razões para dizer o que disse.
No entanto, o problema que o Secretário Geral
da UGT revela é algo que é reconhecido inclusive por figuras do PS como Paulo
Pedroso que, num colóquio sobre sindicalismo que juntou sindicalistas das duas
centrais , há anos, afirmou que o PS não tem agenda sindical, uma estratégia
sindical.Claro que não!Aliás, as notícias de hoje, 21 de janeiro, revelam que uma
das razões do abandono do PS deste destacado socialista é por esse motivo.
Históricamente o Partido Socialista foi na sua
essência um partido comandado por gente pouco ligada ao mundo sindical.Mesmo no
tempo de Mário Soares!Quantos sindicalistas ou ex-sindicalistas existem no
Parlamento?Os sindicalistas socialistas sempre tiveram imensa dificuldade em ter
reconhecimento e apoio do seu partido.O problema preocupou alguns dirigentes do
PS,antes do 25 de Abril e ao longo destes anos de democracia.Militantes da
BASE-FUT foram inclusive recrutados para dirigirem a Fundação José Fontana
ligada ao PS e que deu em nada.A forma como a própria UGT foi criada revelou
falta de sentido sindical e teve como principal objectivo enfraquecer a central
rival , a CGTP.Hoje mesmo os sindicalistas socialistas têm pouco peso nos
órgãos do Partido e estão divididos entre a UGT, onde são maioritários, e a
CGTP onde são minoritários.
Penso que Carlos Silva não teve condições para
dar um salto qualitativo na UGT.O seu discurso inicial fazia prever uma UGT
mais autónoma, em particular face ao patronato,capaz de dar unidade na ação ao
sindicalismo português,conseguindo uma plataforma de convergência na ação e no
diálogo com a CGTP e os sindicatos independentes das confederações.Aliás, seria
muito mais natural uma «Geringonça Sindical» do que política.Ele poderia ser o
sindicalista dessa nova realidade.Os quatro anos da Troika poderiam facilitar
as coisas!Havia muita receptividade social a essa estratégia e os trabalhadores
levaram muita porrada.Não foi esse o seu caminho....foi pena!Se alguém beneficiou com o caminho
escolhido não foram os trabalhadores portugueses!
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