domingo, 5 de outubro de 2008

UM ENCONTRO NA RÉGUA!


Estava a sair do café quando dou de caras com ele.Estava mais velho mas tinha ainda o mesmo sorriso de menino e o mesmo penteado de jovem rebelde, agora, claro está, com menos cabelo do que outrora.Ainda me lembro dele enquanto ferroviário a trabalhar "nos anos brasa" da Revolução de Abril. O tempo corria a uma velocidade louca e parecia que nem o Douro escapava às mudanças em curso.O nosso último encontro tinha-se dado numa concentração de agricultores junto á Casa do Douro quando por toda a Região se temia menos vinho "benefício" e logo menos rendimento.Como as coisas estavam em termos políticos a instabilidade interessava a alguns, aos mesmos de sempre que vendo abalados os privilégios procuravam juntar o povo trabalhador ao som dos velhos sinos das aldeias!Foi nessa concentração de gente do Douro abalada pelos boatos que nos vimos pela última vez.Ainda era vivo o Padre Max, aquele jovem padre que se tinha candidatado pela UDP e trabalhava com a juventude na Cumieira e arredores até Vila Real e pagou com a vida a sua utopia.
Nessa altura ainda se procurava a organização dos sindicatos agrícolas e abriu-se a Casa Sindical d a Régua.Os grandes proprietários e firmas do Vinho do Porto foram-se reorganizando por todo o Norte e conspiravam contra a Revolução!
Passados estes anos todos acontece este encontro á porta do café, em que perplexos estendemos a mão um ao outro e, entre exclamações emocionadas, nos sentamos a uma mesa num canto do café. Carago! Foi a expressão que ouvi enquanto me pedia contas da minha vida e eu da dele.Uma cumplice solidariedade nos unia, apesar de tantos anos passados.A solidariedade de quem gosta de viver!

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