quinta-feira, 9 de outubro de 2008

NESTLÉ-Multinacional com baixos salários e sem segurança!



Tendo em conta o relatório da Nestlé, que apresentou bons resultados em 2007, podemos concluir que o sucesso da Empresa se deve em grande parte aos salários baixos e à política salarial que não acompanha a inflacção, situação apresentada por vários países no comité.
Em Portugal, os trabalhadores mais jovens, da Produção, fazem parte do grupo social que designamos de “geração 500”: são trabalhadores cujo salário (c. € 500) não lhes garante independência económica, dependendo da solidariedade dos pais; ou então têm de ter mais de um emprego e de trabalhar mais de doze horas por dia para poderem responder aos seus compromissos financeiros.

A Nestlé tem vindo a praticar uma política de mínimos, caracteristicamente mercantilista, segundo a lei da oferta e da procura, em que nós, trabalhadores, somos simples mercadoria.
O que move então os trabalhadores a aceitarem trabalhar sob estas condições?: A necessidade de sustentar a sua família, e também de dignificação pessoal e de responsabilidade social.
Mas a condição de salários baixos, sinal de não reconhecimento por esforços que a Empresa impõe, conduz a situações de desmotivação: pela produtividade, mas também pelas questões ambientais.

Também se reflecte na segurança, onde, apesar de adequados equipamentos de protecção individual, existe uma cultura facilitista, comum a toda a hierarquia. Como se pode, então, inverter esta cultura e criar condições para que se promova uma mentalidade de aplicação de boas práticas?
Os trabalhadores sentem também que não é dada a devida atenção à sua saúde: não é suficiente ter bons profissionais de saúde; é necessário, sobretudo, uma aplicação efectiva de uma política que a defenda. Por isso perguntamos que atenção é dada aos problemas músculo-esqueléticos (e outros, como as tendinites...)? Que programas existem sobre ergonomia, ou seja, sobre a adaptação de máquinas e equipamentos ao trabalhador?

A realização de um inquérito – polémico – em alguns países e desconhecido noutros ( ex.: Portugal), bem como a natureza e aplicação do código de conduta, que não assenta em qualquer forma de compromisso com os trabalhadores, são o exemplo de como é escasso o diálogo social, e de como estão distantes a Nestlé e os trabalhadores. Estes, têm de executar as suas tarefas sob princípios com os quais por vezes não se identificam. Um dos princípios afirma que a Empresa pretende contribuir para o bem-estar de consumidores e colaboradores: já seria bom que não nos fizessem sofrer.
Consideramos injusto que um grupo exerça sobre a sociedade o seu poder sem que esta possa ter direito a qualquer tipo de sufrágio. Por isso é essencial a participação dos trabalhadores na vida da Empresa na construção de um verdadeiro desenvolvimento sustentável.

Quais os motivos do aumento de mão-de-obra temporária, em Portugal, e em cada uma das unidades instaladas?

Joaquim Mesquita
Dirigente Sindical
Membro do Comité Europeu Nestlé


2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LUIZ CARLOS DA SILVA disse...

no Brasil é o mesmo, principalmente nos brokers...e ninguem diz nada.