quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

CONDIÇÕES DE TRABALHO NO INEM! QUE É ISTO?

Um estudo interno realizado em 2013 por uma psicóloga do INEM, em colaboração com a comissão de trabalhadores, indicava que 75% dos técnicos de ambulâncias estava em burnout (35% em burnout alto e 40% em burnout médio) - um distúrbio de carácter depressivo ligado à vida profissional. "Na prática, é estar num ponto limite, em que ou se cai em depressão, ou o trabalhador acaba por se despedir", explica ao i o presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência, Ricardo Rocha. 
Nos últimos anos, conta o responsável, o INEM tem assistido a um crescente número de suicídios entre trabalhadores, assim como despedimentos e baixas psiquiátricas. "Os trabalhadores não são suficientes e acabam por ter condições de trabalho inimagináveis", garante.
Por cada turno extra de oito horas, o trabalhador do INEM recebe 22,50 euros, mas ao exceder os seis turnos extra por mês, deixa de receber esse valor porque esse já excede em 60% o seu salário. Apesar de fazer questão de apresentar estes números, o presidente do sindicato esclarece que as reivindicações salariais não são uma prioridade. "Queremos apenas que respeitem os trabalhadores, dando melhores condições de trabalho, o que passa pela contratação de mais colegas", refere. O INEM está a aguardar a decisão da tutela relativamente à abertura de concurso externo para a contratação sem termo de 110 novos Técnicos de Emergência, mas o presidente do sindicato garante que esse número é insuficiente. "Com a quantidade de pessoas que se despediu ou que entrou em baixa, são precisos, pelo menos, mais 250 trabalhadores", salienta.
Vítor Bezerra, responsável pela Comissão de Trabalhadores do INEM, lembra que para a realização do estudo sobre o burnout, os mais de 400 técnicos de ambulância tiveram que anotar o seu dia-a-dia profissional, referindo os pontos positivos e negativos. Além disso, foram entrevistados repetidas vezes pela equipa de psicologia do INEM. "Os resultados espantaram toda a gente", lembra, acrescentando que "em qualquer outra situação, esta seria uma empresa em risco de fechar". Depois dos resultados terem sido divulgados internamente, a antiga direcção organizou sessões entre os trabalhadores e a equipa de psicologia do INEM e foram criados sessões de grupo, "ao estilo alcoólicos anónimos", refere Vítor Bezerra, onde os trabalhadores podiam partilhar o seu dia-a-dia profissional. "Tudo isso acabou com a entrada do novo presidente", garante.
A comissão de trabalhadores explicou ao i que já tentou, sem sucesso, junto da direcção que o trabalho seja agora alargado para os trabalhadores que atendem e tratam as chamadas de emergência, acreditando que, neste caso, o número seria ainda maior. Há alguns meses que o INEM se debate com um atraso no tempo de atendimento de chamadas que, segundo alguns técnicos contactados pelo i, já terão levado à morte de pacientes. No dia 2 de Janeiro, por exemplo, o tempo médio de atendimento de uma chamada rondava os dois minutos, quando o tempo padronizado pelo INEM é de 7 segundos.
 Sobre essa altura do mês em específico, o INEM justifica o atraso com o mais elevado número de chamadas feitas. Fonte oficial admite que o tempo de atendimento "está na casa dos segundos", podendo ter-se verificado um ligeiro aumento de segundos relacionados com o acréscimo do número de chamadas para as centrais do INEM, mas que não se reflecte nos tempos globais de resposta às emergências.(Jornal I de 12 de janeiro de 2015).

Sem comentários: