segunda-feira, 10 de outubro de 2011

SINDICALISMO PORTUGUÊS: O congresso da CGTP!(I)

A maior central sindical portuguesa já começou a preparar o próximo Congresso confederal que se realizará em Janeiro próximo.O contexto político e social em que se vai realizar este Congresso é particularmente difícil e lembra o histórico congresso de todos os sindicatos em 1977,onde ficou definido o modelo unitário da actual  confederação.

Nessa altura ficou definida uma central sindical em que a maioria comunista partilharia o poder com quase todas as correntes sindicais de esquerda, incluindo uma parte da corrente socialista que não foi para a UGT.Essa partilha tinha fundamento na unidade na acção e nos objectivos estratégicos de defesa dos interesses dos trabalhadores portugueses.
Agora neste Congresso algo de importante vai acontecer também ao nível da estrutura de poder e da renovação geracional. As saídas do actual secretário geral Manuel Carvalho da Silva e dos últimos quadros sindicais mais antigos vai necessariamente dar uma nova fisionomia à CGTP.

Carvalho da Silva é, sem dúvida, o mais prestigiado sindicalista português.Ele foi muitas vezes decisivo na caminhada da Central em aspectos muito importantes como a entrada na CES e em todo o relacionamento internacional com sindicatos não comunistas.Por outro lado geriu quase sempre com muita sabedoria os equilíbrios das correntes no interior da Central.Homem de estudo é hoje uma das pessoas que mais investiga na área da sociologia do trabalho e do sindicalismo estando já ligado ao Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.Ele pode ainda dar muito aos trabalhadores portugueses e ao próprio país!

Sem Carvalho da Silva e com a saída de muitos históricos da Central, a CGTP que sair do próximo Congresso poderá estranhamente ser mais monolítica do que tem sido nos últimos anos e com um discurso mais partidarizado!Existem indícios que poderão levar a essa situação o que seria grave neste momento.
Todavia, também pode sair do próximo Congresso uma CGTP reivindicativa,capaz de gerar consensos, aberta a outras correntes e movimentos sociais e com um discurso que seja expressão de uma análise politica e social plural.
Para que este último objectivo seja possível é fundamental um empenhamento de todas as correntes na preparação do Congresso;uma posição da corrente comunista de consenso e não de ruptura com as outras correntes e um novo secretário geral inteligente, estratega e aglutinador.

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