domingo, 6 de março de 2011

O RAPAZ DAS PIZAS! TRABALHO PRECÁRIO, VIDA PRECÁRIA!


Ali jaz o rapaz das pizas!Como morreu?A correr para entregar uma piza a um cliente ao fim da tarde.Uma curva apertada e ali ficou depois de um choque com um automóvel colorido.O Inem já chegou tarde para o salvar.Foi assim de repente, numa das tantas entregas que fazia.Foi a última!

Quase todos os dias ao fim da tarde tocava o telemóvel...O patrão ou o gerente davam o sinal para mais uma corrida contra o tempo num trabalho sem direitos e poucas regras.As entregas devem ser rápidas porque o cliente gosta do produto quente e sem demoras.Alguns dias nem contava as voltas que dava para encontrar a casa do cliente.Em poucas horas fazia o trabalho pelo qual recebia uma magras dezenas de euros.Era um trabalho que tinha a sua graça.Por vezes imaginava-se um «motoqueiro» apesar da insignificância da sua motoreta.

Tinha um especial prazer em passar por grupos de miúdas que, em geral, o saudavam com acenos e risos cheios de promessas...Emprego aquilo não era bem.Sempre ansiou um emprego a sério, como ser condutor de autocarros, maquinista de comboios ou vendedor a correr o País de norte a sul!Um emprego com salário ao fim do mês, com férias e descontos!Mas esse dia tardava em chegar e por ali andava fazendo um biscato aqui e acolá, porque ele sempre foi um rapaz resistente e ladino.Não,não era preguiçoso ou pasmado!Cedo abandonou a escola porque não lhe via utilidade, queria ação e liberdade!Era puto e em casa ninguém o acompanhou verdadeiramente.O pai passava o tempo a trabalhar na Líbia e a mãe nunca percebeu que ele um dia deixou de ser menino.Agora já é tarde!

Agora os bombeiros retiraram da estrada o corpo do rapaz das pizas....o trânsito retomou o seu destino depois de limpo o pavimento!
Ao outro dia, quando por ali passei, lembrei-me de escrever este texto em memória dos jovens trabalhadores que morrem ainda meninos!

1 comentário:

efernandes disse...

Parabéns...Que maior homenagem poderias fazer aos MILHARES de precários deste pobre país?
Este traduz um sentimento inagualável.