domingo, 6 de fevereiro de 2011

TRABALHADORES DA PODA!


Sair á rua de manhã e ver as vinhas brancas de gelo é de arrepiar! Não uma brancura de neve mas um branco que mais parece açúcar espalhado por mão invisível durante a fria madrugada.Ao caminharmos parece que algo se parte debaixo dos pés, com sons que fazem aumentar o frio!

No Douro o verão é, por vezes um inferno de calor e bafo mortal, mas no inverno temos dias lindos precedidos de geadas colossais ou de nevoeiros intensos.
Alguns trabalhadores vão cortando as vides num chasquear familiar para quem conhece as lides da poda.São como fantasmas perdidos e sonâmbulos em dias de nevoeiro cerrado.

Chegam cedo em carrinhas dos empreiteiros que os despejam nas vinhas agora despidas e tristes.A cara curtida pelos verões e invernos passados, as mãos duras agarram como podem as tesouras da poda!Negros casacos e boinas compradas nas feiras e romarias protegem-nos do vento leste, o pior de todos!
Mais abaixo o rio Douro, tão belo no verão, está agora plácido e gélido.
O tempo passa muito devagar até se comer a «bucha» da manhã para aconchegar o estômago até á hora do almoço.As palavras são poucas, cada um defende-se do frio como pode sem dar parte de fraco.Mostrar fraqueza nestas horas era dar o flanco a algumas mulheres que fazem parte da companhia.
O empreiteiro não dá descanso, quer avançar rápido e fazer o máximo até ao almoço.Outras vinhas de outras Quintas esperam para serem podadas...
Os dias ,tão curtos no inverno, nunca mais acabam para à noite se sentir o calor da fogueira.

Alguns sonham partir em breve para França.Ali consegue-se chegar aos cinquenta euros por dia no morango!Trabalhando algumas horas extra até se pode ganhar mais...Regressar a Portugal com alguns milhares de euros é um sonho e um pontapé na crise.

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