quinta-feira, 9 de julho de 2009

CONDIÇÕES DE TRABALHO NA NESTLÉ!


O sindicalista Joaquim Mesquita, trabalhador do sector alimentar e na Nestlé faz ponto de situação sobre condições de trabalho naquela multinacional em Portugal:

1 – Salários. Apesar de alguma evolução positiva, em consequências das pressões do SPL, há salários que se matêm baixos, com grandes desigualdades, o que significa discriminação, em desrespeito pelo artº 270 do código de trabalho (publ. na Lei 07/2009). Vai-se confirmando cada vez mais a tendência de nivelamento por baixo dos salários, à medida que os trabalhadores mais velhos vão abandonando a Empresa, para a reforma ou por negociação de rescisão de contrato de trabalho.
Perante o cenário de crise económica e pelo medo que daí resulta, nota-se algum conformismo da parte dos trabalhadores, que consideram ser muito bom irem conseguindo manter os seus postos de trabalho.

2 – Diálogo e responsabilidade social. A Nestlé mantém um diálogo com os trabalhadores num nível muito reduzido, limitando, no caso da fábrica de Avanca, as convocatórias para reuniões com as organizações representaivas dos trabalhadores a uma ou duas por ano, apesar das repetidas denúncias que temos feito mo sentido de considerar esta periodicidade como muito insuficiente. (A legislação relativa ao direito de informação e consulta dos representantes dos trabalhadores está descrita nos artº 466 e artº 423). A Direcção argumenta que está sempre disponível para receber os trabalhadores, ou seja, para tratar das suas questões de forma individualizada.

A participação dos trabalhadores na vida e gestão da Empresa poderemos considerá-la nula. Limita-se a “Concursos de Ideias”, se a isto poderemos considerar uma forma de participação no referido âmbito.
Registe-se a preocupação do Director de Recursos Humanos para entrar em contacto comigo sempre que se avisinha um CENIC.
Entretanto, têm-se multiplicado as queixas de trabalhadores que se sentem vítimas de formas de tratamento arrogantes e desumanizantes por parte das suas chefias directas e de sector, sentindo-se feridos na sua dignidade.

3 – Continuam a registar-se anomalias nos serviços administrativos/contabilidade, com trabalhadores a quem a Nestlé deve dinheiro há anos, ou situações em que descobriram que não tinham o seu seguro de saúde activo, tendo de suportar despesas de saúde por inteiro ou adiar as consultas programadas.

4 – Segurança, higiene e saúde no trabalho. Não se verificam alterações significativas às condições referidas em encontros anteriores. A observação dos factos e situações leva-nos a concluir que o factor económico é determinante e condicionador de investimentos necessários para melhorar as condições de segurança. E os critérios de aumento de produtividade condicionam as melhores práticas ao nível da segurança. Conclusão final: A Nestlé, em termos absolutos e relativos a outras empresas da região, limita-se a um nível mediano na área da higiene, segurança e saúde no trabalho.

5 – Formação contínua. A Nestlé tem a funcionar nas suas instalações um programa de ensino complementar, e de acordo com projectos governamentais, que tem como objectivo permitir aos trabalhadores completarem a sua escolaridade obrigatória.
No âmbito da formação profissional específica há lacunas que consideramos graves. Realçamos a falta de formação específica (nestes casos a formação é essencialmente empírica) para trabalhadores na área do ambiente ou – ainda mais grave – na área da higiene, segurança e saúde no trabalho: este trabalhador, para alargar os seus conhecimentos, tomou a iniciativa e assumiu as despesas e encargos de se inscrever em cursos de formação profissional em instituição exterior e autónoma da Nestlé.

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