Ao ver pelo País grupos de jovens com os simbolos das JMJ-a cruz e o ícone de Maria-não pude deixar de me interrogar sobre o tipo de cristianismo que está a ser transmitido a esta juventude portuguesa que se vai juntar a outras centenas de milhar de jovens de todo o mundo.
De facto o que aparece nas manifestações
públicas são jovens bastante jovens, liderados por membros do clero
transportando pelas ruas e igrejas uma grande cruz e um belo quadro de Maria.Ontem
até li uma notícia que nos dizia que as reliquias de Santa Teresinha de Lisieux
estavam em Lisboa no âmbito das JMJ.
O principal simbolo e o centro da mensagem das JMJ é a
cruz! Ora, a cruz é a cara de um cristianismo do
sacrifício.Onde está a ressurreição , a vitória sobre a morte e sobre a dominação?
Onde está a indignação por um mundo fratricida, com milhões de espoliados da
sua dignidade e dos bens que também lhe pertencem?
O que, entretanto, se prepara, e vai
aparecer na grande manifestação de agosto,
é a grandiosidade e poder da Igreja na sua simbologia, mobilizando milhares de
jornalistas seduzidos pelas potencialidades mediáticas do acontecimento.As
cadeias de TV farão cobertura parcial ou integral de alguns actos e
comentadores mais ou menos encartados farão uma exurrada de comentários, uns
mais acertados que outros como aconteceu recentemente com a morte de Isabel !!
Apesar da modernidade,bondade e argúcia do Papa Francisco este não se pode
furtar totalmente a esta dinâmica festivaleira, muito mais própria de um João
paulo II e de um Vaticano desejoso de
fazer esquecer os seus escândalos financeiros, bem como os de um clero
perturbado pelos abusos de menores e por um sínodo altamente
questionante do seu poder.
Referem algumas notícias que os portugueses
não querem que seja o Estado a pagar as JMJ.Uma parte dos portugueses
calam-se,outros consideram que as JMJ trarão benefícios para o País.Enfim há pouco
debate e avaliação crítica de evento.
Convém dizer no entanto que existe muita
hipocrisia nesta matéria.Esquerda e direita, de forma mais exuberante uns do
que outros,não criticam as JMJ e até louvam a iniciativa mesmo sendo
dclaradamente agnósticos.Têm muito respeitinho pela Ugreja Católica mas de
forma polida e oportunista.São coniventes com a confusão entre o que é de César
e o que é de Deus, confusão essa que começa com a Concordata estabelecida entre
o estado Português laico e republicano e o Vaticano ou Santa Sé.
As JMJ são uma manifestação mundial de massas
promovida pelo Vaticano e pela Igreja
Católica debilitada no seu poder e na sua missão.É um acto que procura
contrariar o progressivo laicismo e abandono das populações do culto e da
doutrina católica na Europa e o crescimento de outras doutrinas de raiz
protestante, como os evangélicos e seitas diversas, em particular nas américas.
Bem no fundo é uma resistência do velho
catolicismo de massas que orientava os povos e os seus dirigentes.Aproveitou-se
um Papa pop, João Paulo !!, feito santo precocemente, para lançar estas manifestações
entre a juventude.
Mas estas manifestações não têm nada de
positivo?Pois terão, pelo menos o convívio entre jovens de várias nações, quase
todos de uma classe com alguma capacidade financeira para suportarem, com
alguns apoios é verdade, uma viagem e uma estadia numa das cidades mais caras
do mundo.
Acredito nas boas intenções de Francisco no
sentido de reorientar a mensagem, mas será sempre ele a atração principal e
tudo será promovido numa onda folclórica e clerical, com centenas de bispos e de padres
comandando as operações.
Na minha opinião não passa por aqui o futuro
do cristianismo nem a sua capacidade de indignação e de transformação social e
pessoal em direção à fraternidade universal!.Isto é muito mais um festival que
sai em alguns aspectos da norma coca-cola e sumol.
Sem comentários:
Enviar um comentário