Há amigos escandalizados mais uma vez(!) com o comportamento do governo do PS perante as lutas
sociais, em particular as greves.Eu digo-lhes que o PS português, o antigo de José Fontana e o moderno, fundado por Mário Soares, nunca teve uma relação pacífica com o Movimento Operário e sindical sendo frequentemente ambíguo e até hostil com as lutas sociais.
O Partido Socialista histórico teve um
importante papel na criação e dinamização das primeiras associações de classe
nos finais do século XIX e primeira década do século XX.O seu eleitoralismo e
ambiguidade política ajudaram ao seu distanciamento e perda de influência no
movimento sindical e operário, mais influenciado pelo anarco-sindicalismo
primeiro e pelos comunistas posteriormente.
O PS moderno nunca teve raízes no movimento
operário
O PS moderno de Mário Soares e Salgado Zenha,
sendo claramente antifascista e democrático era essencialmente um partido de
advogados, de classe média, sem grandes raízes nos meios operários e aos sindicalistas.Dada a evolução da Revolução
portuguesa o PS assumiu muito cedo o poder para reconstruir o Estado com
democratas e fascistas reciclados.
Ao assumir o poder e sendo partido fundamental
do novo regime o PS teve que se confronfrontar com um movimento sindical forte
e influenciado pelos comunistas e outros sindicalistas de esquerda, católicos e
até do PS, mas críticos das governações e das políticas laborais do partido
socialista.Basta lembrarmos a famosa frase de Gonelha, um dos primeiros
ministros de Mário Soares, que jurou «quebrar a espinha à Intersindical», a
central sindical portuguesa que lutou
contra a ditadura e pelo sindicalismo livre.
Apesar de rachar o Movimenho Sindical unitário
ao criar com o PSD a União Geral de Trabalhadores (UGT) o PS viria a ter sempre
uma grande dificuldade em crescer sindicalmente porque estar no poder e «meter
o socialismo na gaveta», gerar as crises do sistema e puxar para o patronato
não permite grande popularidade no seio das classes trabalhadoras.
A Direção do PS não ouve os sindicalistas
socialistas
Apesar de ter a UGT, essencialmente de serviços,
e um grupo de sindicalistas na CGTP a direção do PS não ouve, não escuta os
sindicalistas socialistas, ou estes não se fazem ouvir!O actual Primeiro Ministro
ouve mais as confederações patronais, a
Comissão Europeia, O FMI e a OCDE do que os trabalhadores.
Mas o que mais espanta é o autismo dos
governantes do PS na Educação onde até tinham uma forte base eleitoral e
militantes sindicalistas.O governo PS está mais preocupado com a legalidade das
greves e os serviços mínimos do que em dialogar abertamente com os sindicatos.
Na Função Pública onde o Estado é o patrão os
governos PS são uma desgraça, não negoceiam nem ouvem.Reunem para cumprir
formalidades.Parece que os governantes do PS não estudaram a história do
Partido, não cultivam o diálogo social.O Partido não lhes deu formação básica
sobre as matérias laborais e sobre um Partido que tem mais de 150 anos!
As políticas das «contas certas» adoptadas
pelos governos COSTA e a falta de sensibilidade e formação sindical dos
governantes , típica dos políticos do neo-liberalismo,afundam mais uma vez uma oportunidade
do Partido Socialista!
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