quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

SAÚDE MENTAL E TRABALHO-é urgente uma Directiva sobre prevenção dos riscos psicossociais!

 

Recentemente um semanário português noticiou que 90% dos portugueses sentiram que a pandemia os


afectou psicológicamente.A ansiedade e a depressão eram maioritáriamente referidos como resultados da vida em pandemia e o artigo referia algumas causas como o confinamento,sem abordar o probelma no âmbito do trabalho.O artigo referia, no entanto, que a pandemia da Covid ajudou a melhorar a percepção dos portugueses sobre a importância da saúde mental.

Todavia, já anos antes se falava dos problemas de saúde mental e a relação que, em muitos casos, tinha com a profissão.Algumas pesquisas na UE mostram que neste espaço 17% das depressões e 4% das doenças cardiovasculares estão ligadas à tensão no trabalho. A Federação Europeia dos Quadros anunciava recentemente que 4 quadros em cinco enfrentam problemas de stresse relacionado com o trabalho, nomeadamente com a sobrecarga de trabalho.Há que tomar medidas urgentes!

A pandemia apressou o trabalho digital

A pandemia apressou o trabalho digital nas nossas sociedades.O teletrabalho até então residual, tornou-se corrente am alguns sectores.Por outro lado aumentaram os serviços prestados à distância ou por plataforma, como é o caso da distribuição de alimentos, transportes e saúde.Este tipo de trabalho alagou o poder do algoritmo, a perda de autonomia, a precariedade.

A introdução da gestão por algoritmo no trabalho digital aperta o controlo e monitorização do trabalhador retirando-lhe poder de negociação e autonomia.

A pandemia alargou também o trabalho no domicílio com todas as consequências inerentes.Altera o paradigma industrial do trabalho ao colocar o local de trabalho na casa do trabalhador.O trabalho e o capitalismo invade o último reduto do trabalhador que fica sem horários e sem qualquer separação entre vida privada e vida profissional.Fecha-se o circulo tecnológico iniciado com o portátil e o telemóvel.

Ora, esta situação vai ter impacto na saúde mental dos trabalhadores.Convém lembrar um grande principio da prevenção de riscos.O foco da prevenção deve estar na empresa e na organização do trabalho.Quando o trabalhador fica doente com relação ao seu trabalho é porque previamente a empresa está doente, ou seja, temos trabalhadores doentes porque temos empresas com uma organização do trabalho patológica que gera doença.

O que é uma empresa doente?

Neste sentido uma empresa doente caracteriza-se por:

1.Um alto grau de precariedade e zero apoio social aos trabalhadores.A cultura é  a do descarte;

2.Uma organização do trabalho sem participação dos trabalhadores.Os objectivos, por vezes irrealistas, são definidos sem consulta dos mesmos;

3.Uma organização do trabalho autoritária, hierarquizada.Pouca autonomia das chefias e trabalhadores;

4.Uma empresa sem diálogo social organizado, sem organizações de trabalhadores;

5.Uma empresa sem planeamento das encomendas e tarefas, sem definição do papel de cada um;

Dada situação de risco psicossocial que existe nos locais de trabalho na Europa os sindicatos europeus defendem uma Directiva sobre a prevenção dos riscos psicossociais que estabeleça as obrigações dos empregadores, a participação dos trabalhadores e mecanismos concretos de proteção dos trabalhadores.A Comissão Europeia não considera a questão prioritária!O Parlamento Europeu tem aporovado Resoluções pedindo que se tomem medidas.A luta agora é essa!

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