terça-feira, 17 de janeiro de 2023

O SINDICALISMO CONTINUA COMO GRANDE ESCOLA DE CIDADANIA!

 

A luta dos professores  é mais uma demonstração da utilidade do sindicalismo como instrumento de


defesa dos direitos dos trabalhadores mas também como escola de civismo e de dignidade!

Historicamente o sindicalismo e concretamente o Movimento Operário, veio fazer uma ruptura com a cultura dominante assitencialista na idade média e até no liberalismo até meados do século XIX.As corporações, as mútuas e  associações de socorros tinham uma cultura de solidariedade, de ajuda aos mais fracos, nomeadamente viuvas,sinistrados do trabalho e órfãos.Mas ainda não tinham gerado uma cultura reivindicativa e de autonomia.Eram associações de solidariedade,muito importantes numa época em que ainda não existiam sistemas de proteção e segurança social.

Essa cultura reivindicativa e de autonomia das classes trabalhadoras nasceu com as primeiras associações sindicais de classe animadas num primeiro período pelo Partido Socialista e, mais tarde ,pelos sindicalistas revolucionários e anarco sindicalistas e pelos comunistas a partir de 2019.

O Movimento social católico teve sempre muita dificuldade em aceitar a cultura reivindicativa e de  autonomia das classes trabalhadoras.Alimentou sempre uma cultura caritativa e de solidadriedade e, no trabalho, de colaboração de classes.Em Portugal apenas a partir das décadas de 50/60 do século XX  é que uma significativa parcela dos Movimentos operários católicos fez uma ruptura com a ditadura e com o sistema capitalista.O Centro de Cultura Operária (CCO) e o grupo BASE tiveram aí um papel decisivo.

Portanto, a cultura reivindicativa de direitos sociais e de cidadania, com origens na Comuna de Paris e na Associação Internacional de Trabalhadores, pertence ao Movimento Operário e Sindical.Esta questão é muito importante porque ainda hoje estas duas mentalidades  se confrontam no nosso País.A cultura reivindicativa é mais urbana e das organizações de trabalhadores ;a cultura caritativa e de solidariedade é mais rural e de influência da Igreja Católica e suas organizações.

Para a cultura cívica de reivindicação e de promoção e alargamento dos direitos políticos e sociais muito tem contribuído o sindicalismo.Os sindicatos, em particular quando dinamizam movimentos sociais de contestação e de defesa de direitos, são escolas de cidadania.«Também se ensina enquanto se luta»!Diria mais, é na ação concreta que melhor se aprende.Aprende-se  a ganhar autonomia e espirito crítico, a tomar a palavra, a ganhar confiança nas suas capacidades e do grupo, a liderar, a ouvir os outros e exprimir os seus anseios e pontos de vista.Treina-se a coragem psiquica e física,enfrenta-se o conflito e gere-se o diálogo e a relação de forças.

O sindicalismo não burocrático, de base, participado e autónomo é uma grande escola de civismo , de democracia de participação.Será que a sociedade democrática o reconhece?

1 comentário:

Mr Outubro29 disse...

A sociedade caminha a passos largos para o suicídio da democracia